Na Copa do Mundo de 2019, Marta dobrou a quantidade de gols que marcou na edição de 2015. Parece muito quando olhamos por esta perspectiva, mas a camisa 10 foi novamente eliminada nas oitavas do torneio. Desta vez, fez dois gols (ambos de pênalti), quebrou recordes impressionantes, levantou bandeira contra a desigualdade de gênero e, com um simples batom, expandiu o debate sobre os limites da propaganda no futebol. Tudo isto voltando de lesão. Fez tudo que pôde ou deixou a desejar? Antes de se comprometer com qualquer análise, o UOL Esporte aproveitou o encontro com Marta na zona mista para pedir que ela própria fizesse sua avaliação. Assim como já havia ocorrido depois de seus recordes, que dedicou a todas as mulheres, a camisa 10 não quis individualizar a questão. "A avaliação é positiva. Não da minha Copa, mas da Copa do Mundo da seleção. Eu nunca me coloquei à frente de nada. Quando eu bati o recorde, falei que era um recorde de todas nós, mulheres. Eu não teria conseguido isso sem o apoio das meninas, sem a assistência delas. A avaliação é super positiva devido àquilo tudo que falavam", respondeu a jogadora do Orlando Pride, que volta hoje aos Estados Unidos. "O Brasil juntou a cara, a coragem e a vontade e desempenhou um papel positivo nessa Copa. É lógico que gente sempre quer ir longe, mas o jogo é jogado. A gente lutou até o final, não faltou garra e vontade. A França foi melhor nas finalizações e nas chances que criou", prosseguiu. Em meio aos questionamentos pela derrota e até sobre como o futebol feminino francês se desenvolveu rapidamente nos últimos anos, Marta não falou sobre as campanhas que protagoniza - uma em defesa da igualdade de gênero, com a "Go Equal", e outra de marketing da "Avon". Ela usou uma nova cor de batom, mas as circunstâncias a impediram de falar sobre ele.
A lesão na coxa esquerda que a tirou da estreia contra a Jamaica não impediu que recordes muito impressionantes fossem quebrados. Marta se tornou a primeira atleta a marcar em cinco Mundiais, e superou Miroslav Klose para virar a maior artilheira da história das Copas, entre homens e mulheres. Mas os feitos foram alcançados com dois gols de pênalti, não com o tipo de jogadas memoráveis que faz o público idolatrá-la há anos. Contra a França, Marta foi prejudicada pelas obrigações defensivas, teve de voltar para marcar as laterais e não brilhou. Não é mais uma menina e teve parte de seu fôlego sacrificado por funções táticas.