Nesta quarta-feira (23/8), foi aberta oficialmente, na Serraria Souza Pinto, em Belo Horizonte, a série de painéis e rodadas de negócio da edição 2017 da MAX - Minas Gerais Audiovisual Expo. Neste ano, o evento, apontado como uma das maiores iniciativas do poder público no Brasil de fomento ao setor audiovisual, tem como tema "Indústria Audiovisual 360".
Na oportunidade, o secretário de Estado de Cultura, Angelo Oswaldo, destacou o Programa de Desenvolvimento do Audiovisual Mineiro (Prodam), que reuniu e unificou segmentos da administração estadual e da sociedade civil em prol do segmento audiovisual, com políticas públicas mais eficientes.
“O setor é a nova vertente do nosso desenvolvimento, e a MAX é o seu momento culminante. É Minas Gerais com conexões muito além de suas montanhas”, observou o secretário.
A dimensão estratégica das políticas públicas, criando empregos e gerando renda, também ficou clara na fala do presidente da Codemig, Marco Antônio Castello Branco. Segundo ele, “a MAX chega à sua segunda edição já considerada como grande referência nacional entre profissionais de mídia e entretenimento de todo o ´país”.
De acordo com o presidente da Fiemg, Olavo Machado Júnior, a primeira edição da MAX superou todas as expectativas.
“A criatividade é que vai fazer a indústria 4.0, e nós, mineiros, estamos sabendo aproveitar as oportunidades de crescimento econômico propiciadas por este setor”, ressaltou.
Poder da indústria criativa
Segundo o mais recente e amplo mapeamento do impacto econômico do setor audiovisual no Brasil, feito em conjunto pelo Sebrae, pela Associação Brasileira de Produção de Obras Audiovisuais (Apro) e pela Fundação Dom Cabral, o valor gerado pela indústria criativa no mundo é de U$ 4,7 trilhões (estimativa de 2014), ou seja, mais de duas vezes o PIB do Brasil (Banco Mundial). Dentro desta indústria, o setor audiovisual gera, no mundo, mais de U$ 400 bilhões por ano (European Audiovisual Observatory, 2015).
No Brasil, a indústria criativa tem tido relevância crescente ao longo dos últimos anos. O setor audiovisual aumentou sua participação na economia de 0,4% (2010) para 0,44% (2014), um crescimento de 10% na participação relativa do setor. No mapeamento, a receita das empresas do setor foi estimada em cerca de R$ 42,7 bilhões (2015), adicionando R$ 20,8 bilhões na economia brasileira, dos quais R$ 6,6 bilhões em remuneração direta e R$ 2,13 bilhões em impostos diretos, mais R$ 1,25 bilhão em impostos indiretos. Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais concentram mais da metade dos estabelecimentos do setor, somando juntos 4.281 estabelecimentos (51,9%) e gerando mais de 58 mil postos de trabalho.
Crescimento em todos os segmentos
Em todos os segmentos, como cinema, TV por assinatura e Video on Demand (VOD), há forte concentração das atividades econômicas na região Sudeste, em receita, investimentos e geração de empregos. No segmento de cinema, por exemplo, em 2015, foram exibidos 209 filmes nacionais, que atingiram 22,5 milhões de pessoas e renderam R$ 277,7 milhões nas bilheterias dos cinemas. As empresas nacionais distribuíram 201 filmes nacionais, que, juntos, atingiram um público de 19,3 milhões de pessoas (85,9% da bilheteria total de filmes nacionais exibidos nos cinemas) e geraram uma renda de R$237,2 milhões. O número de salas de exibição no País passou de 2.110, em 2009, para 3.005, em 2015 (crescimento de 42%).
Segundo os dados da Ancine e da Anatel, em 2015 havia 284 canais de TV por assinatura e 79 programadoras registradas no País, com 19,4 milhões de assinantes de TV por assinatura, 64% deles na região Sudeste. Os estados com maior número de assinates do país são São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
De acordo com pesquisa da Nielsen (2016), a maioria destes assinantes complementa os serviços pagos de TV com VOD (Video On Demand). Em 2014, a receita de VOD no mercado mundial foi de US$ 21 bilhões. A IDATE estima que o mercado de VOD no mundo dobre de tamanho no período 2014 e 2018, chegando a 40 bilhões de dólares em 2018. No Brasil, as receitas esperadas de serviços OTT (over-the-top) Premium terão um crescimento anual (CAGR) de 33% até 2018, passando de US$ 260 milhões, em 2015, para US$ 462 milhões, ultrapassando países como o México.
Efeito multiplicador
Em praticamente todo o mundo, ainda de acordo com a pesquisa, a indústria de conteúdo audiovisual recebe subsídios diretos ou indiretos. No Brasil, entre 2009 e 2014, os recursos públicos liberados ao mercado audiovisual “aumentaram de R$ 149,1 milhões para R$ 356 milhões, um crescimento de 138,7%, totalizando investimentos de R$1,3 bilhão no período”.
De acordo com Sérgio Sá Leitão, ministro da Cultura e ex-diretor da Ancine, cada R$ 1 investido em filmes e séries de TV pela RioFilme, por exemplo, atraiu em média R$ 6,3 de outras fontes e gerou R$ 30 em PIB, R$ 3,57 em impostos e R$ 1,04 em receita para a empresa, um efeito multiplicador muito relevante.
Como um amplo panorama sobre mercado audiovisual brasileiro com foco na análise de tendências, convergência de mídias e novas tecnologias, o Estudo do Impacto Econômico do Audiovisual será apresentado na MAX em um painel especial, com as presenças de Odete Cruz (Apro), Erick Krulikowski (FDC) e Lara Chicuta Franco (Sebrae) na sexta-feira (25/8), das 14h30 às 16h.
MAX – Minas Gerais Audiovisual Expo
Na sua primeira edição, em 2016, a MAX recebeu um público de 10 mil pessoas e promoveu mais de 450 encontros entre produtores, canais e distribuidoras, gerando expectativas de negócios superiores a R$ 200 milhões, consolidando-se como referência nacional entre os profissionais de mídia e entretenimento. “A adesão do setor e o envolvimento do público foram extraordinários, e o sucesso do evento deixou clara a dimensão estratégica do investimento público no audiovisual”, reitera Marco Antônio Castello Branco, diretor-presidente da Codemig.
A MAX 2017 ocorre no contexto do Programa de Desenvolvimento do Audiovisual Mineiro (Prodam), que visa à articulação de entidades da administração pública direta e indireta de Minas Gerais, municípios e União, além de instituições privadas, para o incentivo e fomento ao setor audiovisual. De acordo com o secretário de Estado de Cultura, Angelo Oswaldo, a MAX cumpre papel extraordinário em meio ao processo cultural e socioeconômico da indústria criativa e cultural na contemporaneidade.
Em 2017, junto às rodadas de negócios e dos painéis de capacitação, a MAX vai realizar ainda uma mostra de cinema aberta ao público na Praça da Estação, em Belo Horizonte. Além da Serraria Souza Pinto e do Museu de Artes e Ofícios, outros espaços da cidade irão receber as atividades.
O objetivo da MAX é ser uma vitrine dos avanços do setor audiovisual mineiro e de todo o Brasil, fortalecendo a cadeia produtiva do setor e ampliando a competitividade das iniciativas dos profissionais de Minas Gerais e dos outros estados. “Os pequenos negócios do audiovisual brasileiro estão inovando e se capacitando para competir. A MAX vai mostrar ao mercado a evolução do segmento”, afirma Anderson Cabido, diretor-técnico do Sebrae Minas.
Já são presenças confirmadas nas rodadas de negócios os seguintes players: A&E/History, Arte 1, Box Brazil, Canal Brasil, CineBrasil, Discovery, Discovery Kids, Elo Company, Encripta, Endemol Shine, Formata, FOX, Futura, Globo Filmes, Globonews, Gloob, H2O Films, Looke, Lucky You, PlayTV, Record TV, TV Brasil, TV Cultura, TV Curta!, TV RaTimBum! e Zoomoo.
A MAX é uma realização do Governo de Minas Gerais, por meio da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), juntamente com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas) e a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Sistema Fiemg), por meio do Serviço Social da Indústria (Sesi-MG). O evento segue até o próximo sábado (26/8), em Belo Horizonte, reunindo salão de negócios, exibição de filmes e atividades de capacitação.