O agronegócio, um dos pilares da economia nos anos recentes, começa 2019 como terminou 2018: sem muitas perspectivas de crescimento. O PIB (Produto Interno Bruto) do setor ficou estável em fevereiro, mas acumula queda de 0,46% no primeiro bimestre, em relação a 2018. Os dados, ainda provisórios, fazem parte de pesquisa do Cepea (Centro de Estudos em Economia Aplicada), encomendada pela CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). A perspectiva de crescimento de 2% do PIB do setor, para este ano, feita no fim de 2018, poderá não se concretizar. Paulo Camuri, assessor do Núcleo Econômico da CNA, explica por quê. Quando essa estimativa foi feita, a previsão do PIB da economia era de 2,5% a 3%. Nesta segunda-feira (20), o boletim Focus do Banco Central indica 1,24%. Pelo menos 70% do PIB do agronegócio é formado fora da porteira, nos setores de insumos, agroindústria e agrosserviços. A participação do setor primário é de 24%. A economia ir mal afeta também a atividade agropecuária. Camuri diz que a não evolução da agropecuária como se previa é ruim, mas a importância do setor é grande, uma vez que o agronegócio representa 21% do PIB nacional. O fato de não cair ajuda a manter boa fatia da economia. Os números do Cepea e da CNA mostram que apenas o setor de insumos tem evolução positiva neste ano, com alta de 2,35%. Os setores primário (-0,92%), agroindústria (-0,34%) e agrosserviços (-0,65%) perdem força em relação ao ano passado. Os dados do PIB apontam que a renda do produtor está em queda, uma vez que o PIB do setor primário também vem recuando. Esse recuo se deve ao setor agrícola, uma vez que o da pecuária sobe no período. O café é um dos produtos entre os que têm desempenho ruim. Já no setor de insumos, a alta é impulsionada por fertilizantes e defensivos. A projeção de alta no faturamento destes ocorre por causa da elevação de 34% na produção e de 2,1% nos preços. Entre os fertilizantes, o volume ficou praticamente estável, mas a variação dos preços foi de 19%. Oferta menor no mercado internacional, alta nos preços do petróleo e desvalorização do real impulsionam os preços, segundo o setor. Camuri destaca que os números do PIB do primeiro bimestre serão consolidados mais à frente. Os dados ainda não contemplam volumes de produção de alguns setores da atividade agropecuária (Folha de S.Paulo, 21/5/19)
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