Com a reabertura do comércio e o apoio de um comitê de especialistas em saúde e logística, a Arquidiocese de Belo Horizonte decidiu permitir a retomada de ritos presenciais. A partir desta quinta-feira (18), igrejas e paróquias podem receber os fiéis para missas, batismos, eucaristias, casamentos e outras celebrações. Entretanto, podem acolher católicos apenas aquelas aptas a seguir um documento com rígidas exigências sanitárias preparadas pela instituição.
Além de determinações como a necessidade de distanciamento de dois metros, disponibilidade de álcool em gel nos templos e obrigatoriedade do uso de máscaras no interior das paróquias, o documento preparado pela Arquidiocese decreta medidas específicas a rituais da fé católica. A comunhão não será mais entregue diretamente na boca, mas nas mãos e este será o único instante da celebração em que será permitida a retirada de máscaras. Vale também uma proibição para o toque de imagens sagradas.
Os padrinhos, durante o batismo, não mais poderão traçar a cruz na testa do bebê, esta tarefa caberá apenas aos pais da criança. A saudação da paz permanecerá restrita à fala, sem contato nas mãos. O texto também solicita que os párocos zelem pela desinfecção do espaço a cada celebração e que estas sejam mais curtas que normalmente, serão eles os responsáveis pela orientação dos fiéis quanto os novos protocolos.
O arcebispo metropolitano dom Walmor Oliveira de Azevedo declarou que não se trata de uma reabertura das igrejas que, no transcorrer dos três meses, não trancaram as portas para os fiéis.
“Não é, portanto, abrir as portas, mas começar um novo tempo. A igreja é a igreja no templo, mas a igreja é a igreja na casa de cada cristão, assim nasceu no novo testamento, é a igreja de casa em casa”, celebrou.
Segundo ele, começa agora uma luta para que as igrejas se adaptem à pandemia, entendendo que o pior ainda não aconteceu.
“Abrimos este ciclo conscientes que a luta é séria, desafiadora. Estamos trabalhando por um novo estilo de vida. Não se trata de considerarmos que o problema passou, ainda estamos em ascendência. Como Igreja confirmamos uma tradição importante, a Igreja tem força educativa”, disse.
Aliado às determinações descritas no documento, um comitê-técnico com especialistas em saúde estará a postos para orientar as paróquias de 28 municípios que respeitam as diretrizes da Arquidiocese de Belo Horizonte. Caberá a este comitê não apenas apoiar os párocos, como também fiscalizar o cumprimento das medidas sanitárias.
“Nós estaremos aqui para assessorar os párocos com relação à estrutura física, sanitária e logística, vamos auxiliá-los no dimensionamento da necessidade de equipamentos de segurança, com relação ao distanciamento necessário, os acessos, entradas e saídas das igrejas. Nós validaremos as cerimônias presenciais”, esclareceu o arquiteto Leonardo de Araújo Pereira, coordenador do comitê.
A partir de agora, caberá a cada pároco decidir receber ou não o público, ciente das necessidades de sua paróquia e de suas possibilidades.
“Recebemos orientações de caráter geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) sobre a importância de continuar o caminho evangelizador, a partir delas a Arquidiocese de Belo Horizonte encontrou especialistas e peritos e trouxemos as recomendações para a nossa realidade. Cada bispo, levando em conta sua realidade porque o Brasil é enorme, tem autonomia para traduzi-las para sua diocese, escolher seus procedimentos e o caminho a percorrer. Quanto a Arquidiocese de Belo Horizonte, o desafio agora é que nossas paróquias sigam as exigências do documento a partir de hoje, sabemos que algumas paróquias precisarão de um tempo menor que outras”, detalhou o arcebispo metropolitano.
Uma celebração está prevista para acontecer em 27 de junho na Catedral Cristo Rei, na região Norte de Belo Horizonte, respeitando as primeiras exigências determinadas no documento. Fiéis interessados em conhecer os novos protocolos da Arquidiocese da capital mineira podem encontrá-los no site da instituição.