Um grupo de aproximadamente 50 comerciantes e empresários de Belo Horizonte realizou uma manifestação na manhã desta sexta-feira (5), em frente à prefeitura, no centro da capital. Eles reivindicam do prefeito Alexandre Kalil (PSD) a reabertura de todo o comércio.
Henrique Gato, de 33 anos, é proprietário de um bar em Belo Horizonte e afirma que já precisou demitir seis dos 11 funcionários desde o início da pandemia. Disse também que o benefício de suspensão do contrato de trabalho, concedido pelo governo federal às empresas, termina nos próximos dias.
“A gente está aqui porque hoje completamos 80 dias fechados e, até agora, bares e restaurantes não foram citados em momento alguns nas reuniões com a prefeitura. E a maioria dos funcionários estão voltando do período de suspensão do contrato de trabalho essa semana e a gente não mais como se sustentar com o bar fechado”, disse o comerciante.
Já o empresário do ramo esportivo, alimentício e calçadista, Ewerton de Oliveira, de 43 anos, foi para a porta da prefeitura com um cartaz em defesa das famílias que emprega. Ele afirma ainda que já acumula um prejuízo da ordem de milhões, mas não soube informar com precisão, e defendeu a reabertura do comércio na capital.
“Estou aqui hoje em prol das 82 famílias que as nossas empresas empregam e que estão já com dificuldade financeira e em casa. Estamos aqui clamando ao prefeito Kalil que o comércio volte a funcionar de forma responsável, atendendo a todas as normas determinadas pela Secretaria de Saúde, porque nós precisamos voltar a trabalhar porque as empresas não têm mais caixa para suportarem mais de 80 dias fechadas”, contou.
Dono de cinco restaurantes em shoppings da capital, Dalton Pereira, de 46 anos, também reclamou dos decretos municiáis. Ele afirma que, com o fechamento dos shoppings, ele precisou doar todo o estoque de alimentos a moradores de rua para não perder os alimentos em razão do prazo de validade e também dispensar alguns funcionários.
“Nós lojistas já estamos bastante endividados, vários funcionários foram demitidos, a suspensão de contrato oferecida pelo governo está acabando nos próximos dias e nenhum empresário terá condições de manter a folha de pagamento. Então, se as lojas não abrirem o que acontecerá será um grande desemprego”, afirmou.
Ainda segundo o comerciante, o mercado de delivery não paga as despesas dos donos de restaurantes e, por isso, ele defende a reabertura do comércio, incluindo restaurantes e shoppings.
“A gente vai ter que aprender a conviver com esse vírus e os grandes shoppings estão preparados para receber o consumidor com muita segurança. O ambiente que está sendo formado é um ambiente quase que hospitalar para que se minimize o risco de contaminação. Somos empresários preocupados com a nossa família e nossos negócios, mas também com a renda de nossos funcionários”, contou.
Abílio Machado
Mais cedo, comerciantes que têm lojas na avenida Abílio Machado, na região noroeste de Belo Horizonte, se concentraram para um protesto também pela reabertura dos estabelecimentos comerciais. No entanto, ao chegarem ao local, o grupo decidiu seguir até o centro da capital e se juntar ao ato na porta da Prefeitura.
Segundo Leandro Augusto Lara, de 42 anos, que tem uma loja em uma feira de moda e acessórios na Abílio Machado, o protesto foi convocado em reivindicação pela reabertura dos estabelecimentos comerciais.
“Estamos buscando os mesmos direitos que eles (a prefeitura) estão dando para o Shopping Oiapoque, em questão de abertura, dado o fato de que nós estamos fechados há um longo tempo sem gerar renda nenhuma”, explicou.
Também lojista na região, Hellen Oliveira, de 25 anos, defende que as regras de abertura do comércio sejam as mesmas para estabelecimentos de todos os ramos.
“Eu acho que está havendo uma injustiça porque muitos estão abertos e nós não podemos abrir. A gente quer que reabra todo o comércio e não um ou outro. Queremos igualdade de condições para todos", disse.
Na tarde desta sexta-feira (5), a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) realizará uma entrevista coletiva na qual deve anunciar se a flexibilização do comércio na cidade avançará, se vai manter como está ou regredir.
Na semana passada, houve a reabertura de parte do comércio, da chamada fase 1, que inclui salões de beleza e alguns shoppings populares. Entretanto, a medida teria aumentado a velocidade de transmissão do Coronavírus na capital e o prefeito Alexandre Kalil (PSD) recuou da implantação da fase 2 de flexibilização do comércio na capital, inicialmente esperada para esta semana.
“O nível de alerta do termômetro da Covid-19 ficou vermelho e, por isso, a Prefeitura de Belo Horizonte definiu pela manutenção das atividades que foram autorizadas a funcionar na fase 1, iniciada no último dia 25 de maio. A orientação do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 foi baseada nos dados relativos ao aumento da velocidade de transmissão e ocupação dos leitos destinados exclusivamente ao Coronavírus”, informou a prefeitura.
Galeria do Ouvidor
Nesta semana, lojistas da galeria protestaram pedindo reabertura dos estabelecimentos no local, que não foi incluído na última lista de estabelecimentos com abertura permitida pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH).
Caso Belo Horizonte tivesse aderido ao programa do governo do Estado Minas Consciente, a Galeria do Ouvidor, no Centro da capital, poderia abrir as portas, segundo o chefe de gabinete da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), João Pinho, explicou em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (5).
“Os protocolos criados pelo Minas Consciente são para shopping centers e para grandes galerias comerciais, como é a Galeria do Ouvidor”, explicou Pinho. Nessa quinta-feira (4) o governo de Minas anunciou que lojas de shopping podem abrir seguindo a etapa em que cada município se enquadra no programa. Ou seja, se um município está na onda amarela no programa e lojas de calçado na rua podem abrir, as lojas do tipo em shoppings também podem.
Pinho também argumentou sobre a decisão do Estado em permitir abertura dos shoppings:
“O principal fator para permitir essa abertura foi jurídico, o princípio de isonomia. Temos que tratar semelhantes da mesma forma. Imagine uma região que está na onda branca e pode abrir lojas de móveis. (Sem a mudança), uma loja na rua estaria dentro disso e a do shopping não. Isso é quebra de isonomia entre os dois lojistas”, disse.
Segundo a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, a abertura vale a partir de sábado (6), com publicação da mudança no Diário Oficial do Estado.
O chefe de gabinete também disse que a temperatura das pessoas será medidas antes que entrem nos shoppings e que haverá limite de pessoas no local. Atividades de entretenimento não poderão funcionar nos centros de compra. “O cidadão vai entrar no shopping, ir em direção à loja, comprar e sair”, pontuou.