A crise da pandemia da covid-19 tem provocado perdas que superam R$ 150 bilhões no varejo brasileiro nos último dois meses. O volume de vendas do comércio ampliado caiu mais de 13% apenas em março, primeiro mês da crise humanitária, colocando em xeque um dos setores mais dinâmicos da atividade econômica. Ainda que haja maneiras alternativas de escoamento das vendas, como o comércio eletrônico e o delivery, o varejo no Brasil é bastante dependente da modalidade presencial. Com estabelecimentos fechados, o pessimismo se instalou entre os tomadores de decisão do varejo em maio: o Icec (Índice de Confiança do empresário do Comércio), produzido mensalmente pela CNC (Confederação Nacional do Comércio), chegou à zona pessimista pela primeira vez desde março de 2017.
Os resultados de maio do Icec mostram que, na escala de 0 a 200 pontos, a confiança dos comerciantes atingiu 93,5 pontos, o menor nível desde setembro de 2016. A queda de 20,9% na passagem mensal é a maior taxa negativa da história do indicador, que teve inicio em 2011. A redução do nível de maio comparativamente ao março, com dados coletados antes da crise, chegou a 36 pontos.
Regionalmente, os empresários do nordeste e do sul são os mais pessimistas.
O ICEC é um indicador que busca detectar tendências das ações dos tomadores de decisão do setor do comércio. É composto por 9 questões divididas em 3 subíndices, Índice de Condições Atuais (economia, comércio e desempenho da empresa), Índice de Expectativas (economia, comércio e desempenho da empresa no curto prazo), e Índice de Investimentos (intenções de contratar, intenções de investir na empresa e situação dos estoques). Com cerca de 6.000 dirigentes de estabelecimentos consultados e um peso médio de aproximadamente 95% de empresas de pequeno porte, em maio pouco mais de 67% dos comerciantes sentiram que a economia piorou.