Minas Gerais foi, no período 2013-2015, o segundo estado da federação em investimentos públicos em saneamento básico, com 6,36% dos R$ 35 bilhões aplicados, atrás de São Paulo (11,7%). A estatística foi apresentada pelo presidente da ONG Instituto Trata Brasil, Edison Carlos, ao apontar a concentração dessas aplicações no país e, à parte, uma ausência de interação das empresas com os problemas na área quando estão fora dos limites dos interesses dos seus negócios. “Quando é nos muros (do lado de dentro) da indústria, ela é ágil, resolve logo. Quando sai dos muros, não”, criticou o presidente da ONG, que foi palestrante no painel “Recursos Hídricos e Saneamento”, dentro do 3º Congresso Internacional RESEG 2017, da Rede de Saneamento e Abastecimento de Água – Reseg, aberto dia 13/09, no campus da UFMG, em Belo Horizonte. O congresso é realizado pelo Centro Nacional de Tecnologia Nuclear (CDTN/MCTI), Centro de Inovação e Tecnologia (CIT) SENAI FIEMG e a Reseg.
A relevância do evento, que antecipará muitas questões a serem levadas ao 8º Fórum Mundial da Água, das Nações Unidas, em março de 2018, em Brasília, foi destacada pelo superintendente de Inovação, Tecnologia e Empreendedorismo do Sistema FIEMG e diretor-executivo do CIT, José Policarpo. O 3º Congresso Internacional Resag foi dividido em três grandes temas diários: Recursos Hídricos, Tecnologia e Qualidade. A coordenação recebeu mais de 300 artigos científicos de pesquisadores do Brasil, EUA, Portugal, Áustria e Suíça, informou a coordenadora geral, Vera Maria Lopes Ponçano.
O gerente de Meio Ambiente do Sistema FIEMG Wagner Soares Costa, foi enfático em que o empresariado tem postura própria, diferente do Poder Público. “Linha de crédito já temos demais. A gente não tem é projetos adequados (para atrair o empresário)”. A observação do representante da FIEMG dizia respeito também aos “riscos políticos”, pois o empresário atua em função de resultados, de retorno.
Em cima do tema “A Visão do setor industrial na gestão de recursos hídricos”, Wagner Soares foi categórico em que, hoje, o empresário da indústria desenvolve seus negócios de forma consciente e preocupado com fatores de risco envolvendo a água: risco de falta de água no processo operacional, de energia (nos reservatórios das hidrelétricas), financeiro (aumento das taxas de juros dos empréstimos financeiros, se não comprovar sustentabilidade no uso da água) e tecnológico (diminuir riscos e aumentar produtividade).
Nos itens das crises “institucional” e “hídrica”, Wagner Soares frisou que o Brasil comete o equívoco de ainda não tratar a água como “recurso estratégico”. “Há mais de 30 anos não há investimento de grande porte para gestão de oferta“, afirmou. Quando abordou a questão do risco da falta de água, ele exemplificou a referência que o empresário tem disso: ”Um caminhão-pipa com água, em São Paulo, custa R$ 6 mil”