A Justiça é cega?
Que nada.
Tem olhos de águia!
A faixa que lhe cobrem os olhos,
a venda, está à venda,
e pode custar os olhos da cara!
Sua balança não pesa, traz pesar,
sua espada forjada desfere golpismos
e o seu martelo prega o que não cumpre.
No Olimpo das víboras togadas,
convivem intocáveis os doutores sem pudores
com seus dois pesos e duas medidas.
Sua deusa da Justiça caiu na imoralidade,
transformou-se em acompanhante de luxo;
abandonou a delicadeza do vestido longo,
agora usa saia curta, decote acentuado,
e sandália de salto fino. Os cifrões lhe atraem;
vive de promiscuidades com gente poderosa.
E nós pagamos a conta dessa indecência.
Essa Justiça, do faro apurado, não é cega,
ela só não quer ver as injustiças
que lhe saltam aos olhos.