Concidadãos!
Pesarosamente, e sem a proteção de Deus,
eu vos anuncio a proclamação da
República Cleptocrata do Brasil!
Aqui “político ladrão” é pleonasmo.
Quem devia ser modelo de conduta,
relaciona-se mais por dinheiro,
feito prostituta. E tem de todo o preço!
Do vereador ao presidente,
ninguém é decente!
É um escândalo atrás do outro.
Será que político honesto já nasce morto?
Conchavos, nepotismos, clientelismos,
apadrinhamentos, atos secretos...
A corrupção é endêmica e institucionalizada.
Somos uma Dinamarca às avessas!
E se os políticos representam o povo,
nós estamos muito bem representados!
Na veia política dos brasileiros
corre latente o sangue da corrupção.
Ele é do tipo “H-” (honestidade negativa);
corruptor universal.
Por aqui não existe ideologia partidária,
não existe oposição de verdade.
Na verdade, a moralidade coletiva está
em avançado estado de putrefação.
Honestidade é virtude em extinção.
Partido é crime organizado.
Para esses corruptos filiados do diabo
a Justiça tarda e falha.
Esses desgraçados sem vergonha na cara
privatizam o lucro e socializam as despesas.
Estamos no fundo do poço!
Carecemos profundamente de gente honesta,
de uma reforma político-eleitoral ampla,
de pessoas livres da ladroagem
e do parasitismo. Basta de políticos profissionais!
Mas, num lugar onde a gente desconfia
até da nossa própria sombra,
em quem poderemos confiar os nossos votos?
No país dilapidado dos “mensaleiros”,
rouba quem manda,
obedece quem tem prejuízo.
Um lugar com inúmeras falhas,
mas a de maior gravidade
é a de caráter dos brasileiros.
----------
Este poema faz parte do meu livro [dilema], que será publicado em breve.