A cultura e a arte popular de Minas Gerais perderam o artesão José Leôncio de Araújo, que faleceu no último sábado (8). Ele tinha 86 anos e, nos últimos meses, lutava contra um câncer de próstata descoberto recentemente. Sepultado no Cemitério da Consolação, em Belo Horizonte, o artista deixa esposa e sete filhos. Mais velho de sete irmãos, Zé Leôncio, como era chamado, nasceu em Rio Casca (MG), em 1934. Trabalhou na lavoura e, em BH, já nos anos 60, exerceu os ofícios de barbeiro e carpinteiro na construção civil antes de fazer valer seu dom e enveredar, na década de 90, pelo caminho das artes.
Uma influência decisiva para que isso acontecesse foi o irmão e também escultor Maurino de Araújo, que faleceu no fim de julho - ele lutava contra uma leucemia e teve uma acidente vascular cerebral (AVC). Zé Leôncio começou a despontar e a mostrar seus trabalhos em madeira quando foi convidado, em 1991, para expor no Rio de Janeiro. Depois disso, suas peças ganharam museus e centros culturais de diversas regiões do Brasil e também chegaram ao exterior, em países como Itália e Alemanha.
“Quando meu irmão Maurino ganhou fama, parece que acordamos. Ninguém entendia de arte na família. Depois, quando meus pais morreram, sofri grandes transtornos e a arte me ajudou muito. Quando comecei a esculpir, já tinha mais de 50 anos e ainda era barbeiro; levei um ano assim, indo de uma coisa para a outra até que as formas começaram a aparecer”, afirmou, em depoimento ao portal Arte do Brasil.
“A lembrança que fica é de um paizão que me inspirou na arte e na criatividade, que herdei dele e aprendi a honrar. Ele foi tudo para mim”, diz Cleide Lúcia de Araújo Pereira, que é professora de biscuit. Em 2013, José Leôncio de Araújo e o irmão Maurino foram homenageados pelo Governo de Minas Gerais na exposição Mestres da Capital, no Centro de Arte Popular, na capital mineira, em comemoração ao Dia do Artesão.