A amizade de Bruno Mazzeo, de 47 anos, e Lúcio Mauro Filho, de 50, data de muito tempo. Filhos de Chico Anysio (1931-2012) e Lúcio Mauro (1927-2019), respectivamente, eles cresceram acompanhando a parceria dos dois ícones do humor no Brasil, tanto na vida pessoal quanto na profissional. Uma relação que a vida, no decorrer dos anos, confirmou ter sido um exemplo para Mazzeo e Lúcio Mauro, que, pela primeira vez, sobem ao palco juntos. Eles estrelam o espetáculo “Gostava Mais dos Pais”, que fica em cartaz no Cine Theatro Brasil Vallourec, em Belo Horizonte, neste fim de semana, em que celebram a amizade, homenageiam os pais e brincam com o fato de serem os herdeiros de dois nomes marcantes do humor.
“Foi uma peça que começou pelo título”, conta Mazzeo, aos risos. “‘Gostava mais dos pais’ é uma frase muito costumeira, aliás, é uma das frases que a gente ouve. Nossos pais são ícones, e muitas gerações cresceram assistindo a eles. Então, é natural que as pessoas tenham muito carinho, muito afeto. Sempre quando se encontram com a gente, que falam e elogiam o nosso trabalho, é inevitável acrescentar que eram fãs dos pais ou que gostava mais dos pais”, explica o ator e humorista, filho de Chico Anysio.
“Quando a gente começou a falar em fazer uma peça, naturalmente sabia que não tinha como passar batido por esse assunto. Claro que depois outras camadas foram acrescentadas, mas foi a partir daí, dessa relação dos nossos pais, e do desejo de falar sobre isso que começou a ser decidido o assunto da peça”, completa Mazzeo, segundo o qual os comentários e brincadeiras sobre a origem familiar deles nunca foi um problema. “Eu fico muito feliz, muito orgulhoso do meu pai quando as pessoas falam isso. Então, nunca foi um incômodo, não. Tanto eu quanto Lúcio sempre fomos muito bem resolvidos quanto a isso”, garante.
Em “Gostava Mais dos Pais”, Chico Anysio e Lúcio Mauro estão presentes como grandes referências. “São dois exemplos que a gente sempre teve como artistas, como profissionais. E, como referências do humor, a gente acaba inevitavelmente passando por eles durante a peça. Eles também estão presentes como representantes desse elo entre passado e futuro, esses conflitos e questões geracionais, que são assuntos que vão permeando o espetáculo. Os pais são pontos de partida disso tudo”, detalha Mazzeo, defendendo que o espetáculo traz uma “carga biográfica e afetiva envolvida”.
No palco, ele e Lúcio Mauro Filho interpretam cerca de dez personagens e várias versões de si mesmos numa série de esquetes que entrecruzam as suas histórias de vida com temas contemporâneos, como as barreiras impostas ao humor e a dificuldade de encontrar os seus lugares na era digital. “O humor mudou porque o mundo muda, evoluiu. Tudo é mais rápido, muda a linguagem, mudam as maneiras de se comunicar. Então, é difícil dizer o que mudou, né? Mudou como na época do meu pai, que já era diferente da época do rádio”, avalia.
“O que mudou muito, e que a gente fala na peça, é a maneira de se consumir. Se antes você, por exemplo, sentava com toda a família diante de uma televisão num horário X pra ver o programa Y, hoje em dia cada um consome no celular coisas rápidas, coisas que não são produzidas num estúdio, que são coisas caseiras, amadoras, engraçadas”, exemplifica o humorista.
Mazzeo revela que, hoje, conta com a ajuda dos filhos – João, de 19 anos, e os gêmeos José e Francisco, de 8 – nesse processo de “adaptação”. “É um desafio pra mim, mas não só como artista, é como pai também. Como educar crianças nesse novo mundo? A gente vive no constante desafio, equilibrando um pratinho aqui, um pratinho ali”, diz ator.
Fonte: https://www.otempo.com.br/