Após meio século marcado por uma criatividade extravagante e um espírito transgressor no mundo da moda, o lendário estilista francês Jean Paul Gaultier se despediu das passarelas nesta quarta-feira (22) durante desfile na capital francesa.
Sim! O estilista, de 67 anos, prodígio da tesoura e das agulhas anunciou na última sexta-feira, de surpresa, sua aposentadoria e que esse seria seu último desfile, mas garantiu que sua marca, propriedade do grupo espanhol Puig, continuaria com um projeto que seria anunciado brevemente e do qual é um "instigador".
Conhecido por suas criações extravagantes e por um irreverente senso de humor que o torna único no normalmente esnobe mundo da moda, Gaultier celebrou 50 anos de profissão, assim como sua despedida durante o desfile no elegante teatro musical de Châtelet, com orquestra e cantores ao vivo.
Para despedir-se o "enfant terrible" da moda apresentou mais de 200 looks em um ambiente de euforia, com modelos sorridentes e exageradas, além de um público que aplaudiu com entusiasmo por mais de uma hora.
Subversivo e livre, Gaultier é um dos estilistas mais importantes de todos os tempos, e desafiou a tradição da beleza tradicional incluindo todas as orientações sexuais em seus desfiles, muito antes dos demais. Também foi precursor na fusão de gêneros na passarela.
Nos anos 1980, revolucionou a moda com suas criações geniais, como o corpete cônico usado por Madonna, a saia masculina e a camiseta listrada de marinheiro, uma reinterpretação em homenagem à sua avó, que o "vestia de azul".
Gaultier fez seus desfiles longe do tradicional formato rígido da passarela, montou verdadeiros espetáculos cheios de excentricidade e ousadia, mais próximos de um cabaré.
"Estilista inconformista busca modelos atípicas. Rostos disformes são aceitos", dizia um anúncio que publicou nos jornais nos anos 1980.
Convidou para a passarela homens mais velhos, mulheres com sobrepeso e em 2014 colocou em sua passarela a drag queen Conchita Wurst.
Em cinco décadas de trabalho, o gênio Gautier revolucionou as passarelas se tornando referência histórica na moda.
E antes de sair de cena deixou um conselho:
"Acredito que a moda tem que mudar. Há muitas roupas, roupas que não servem para nada. Não joguem fora, reciclem", diz Gaultier