Após travar uma longa luta contra um câncer de boca, morreu na tarde desta terça-feira, 4, aos 57 anos, Asa Branca, o maior locutor de rodeios do país
Diagnosticado com HIV há mais de dez anos e sobrevivente de uma criptococose, a doença do pombo, que o deixou seis meses internado e com um saldo de sete cirurgias na cabeça, o locutor lutava contra o câncer desde 2017 e estava internado no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp).
À época em que descobriu a doença, pesava 92 quilos. Ele chegou a fazer 33 sessões de radioterapia para debelar o câncer que desapareceu por uns tempos, porém o tratamento deixou como sequela a perda total do paladar.Entrou em processo de perda de peso e desânimo.
O quadro se agravou em 2018, com a volta do tumor. Desta vez, na garganta, na língua, no pescoço e na cabeça. Asa Branca e sua esposa, Sandra, foram aos Estados Unidos tentar um tratamento novo. Não prosperou. Sentindo a morte se aproximar, ele quis retornar ao Brasil. Chegou pouco antes do fim de 2018.
O anúncio foi feito no perfil oficial do artista nas redes sociais. Ainda não há informações sobre enterro e sepultamento. “É com muito pesar que informo o falecimento do nosso querido Waldemar Ruy Asa Branca dos Santos”, disse o comunicado.
Waldemar Ruy dos Santos, o Asa Branca foi um ícone no mundo dos rodeios por criar um novo estilo de narração. Ele revolucionou as apresentações no final dos anos 1980 ao incrementar a locução a partir de um microfone sem fio, algo inédito para época.
Asa Branca aproveitou a evolução tecnológica para dar ainda mais ênfase ao famoso “segura, peão”, criado por José Antônio de Souza, o Zé do Prato, outro grande nome da locução de rodeios e que morreu em 1992.
Sucesso, excessos e fé transformaram Asa Branca em um mito. Nos anos 1990, viveu uma vida de luxo. Ganhava R$ 1 milhão ao mês e morava em bairro nobre de São Paulo.
No documentário “A Última Lenda dos Rodeios”, lançado esse ano durante a Festa do Peão de Barretos, o locutor contou detalhes sobre a vida atribulada, a luta contra drogas, as relações amorosas e a batalha enfrentada para encarar de frente doenças como a Aids, e um câncer de boca.