Será que a cada ano que passa, a cada aniversário nosso, a gente completa mais um ano de vida? Ou seria, na verdade, menos um? Pensando nisso, cheguei à conclusão de que a vida possui dois tempos distintos: um individual e outro universal.
O tempo individual, como o nome sugere, corresponde àquele concedido por Deus a cada um de nós. É o tempo que dispomos para as nossas realizações enquanto habitantes deste plano material. É, portanto, um prazo predefinido, mas do qual nós não sabemos, misericordiosamente, a data do seu término.
Assim, ao nascermos, o nosso tempo de vida começa uma contagem regressiva de retorno ao plano espiritual. Por isso, nós nunca completamos mais um ano de vida, mas sempre menos um, pois o correr do tempo nos aproxima cada vez mais da morte certa, que nos aguarda resoluta.
Por exemplo: se Deus definiu que uma pessoa viverá 70 anos, no primeiro aniversário dela, ela não estará completando mais um ano de vida, mas, em verdade, menos um, pois ela terá a partir dali 69 anos pela frente. E no ano seguinte ela terá 68, e depois 67, e assim por diante, até esgotar o prazo dela retornar ao plano espiritual (morrer).
Então, somar a idade física, ao invés de subtrair, é um subterfúgio que nós humanos utilizamos, pois não sabemos quanto tempo de vida Deus nos concedeu.
O tempo universal, por sua vez, como o próprio nome sugere também, corresponde ao tempo do universo. Este sim flui de forma crescente, somando-se os anos, pelo que o universo já contabiliza cerca de 13,7 bilhões de anos, dizem os cientistas.
Mas, você pode estar se perguntando: por que essa diferença? Por que um soma e o outro diminui?
Explico: como eu disse, o tempo individual corre em ordem decrescente porque a morte é uma certeza que nós (seres humanos) temos. Não sabemos “quando”, mas que “vamos” morrer. Logo, cada dia estamos mais perto do fim e, portanto, temos menos tempo de vida. Por outro lado, não podemos fazer essa mesma afirmação em relação ao universo, porque não há certeza de seu fim, mas apenas estudos e teorias supondo-o. Desse modo, o tempo universal corre de forma crescente, somando-se os anos, já que não tem uma data-limite predefinida para acabar, paralelo ao nosso individual, decrescente e limitado.
Segundo essa minha linha de raciocínio, é imprudente, então, a gente achar que tem “todo o tempo do mundo pela frente”, como costuma-se dizer. Pois, realmente, não temos. Só o universo tem esse tempo. Para nós, vale o ensinamento do poeta Renato Russo, que nos disse certa vez:“é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã...". De fato, o amanhã é mera expectativa nossa; hoje pode ser o último dia de nossas vidas, isto é, hoje pode ser o término do prazo concedido por Deus ao nosso tempo individual. Ademais, é da condição humana ser efêmero (passageiro). No entanto, o sol, a lua, o céu, as estrelas, os oceanos, o universo (em geral) amanhã, com certeza, continuarão existindo sob o pálio do tempo universal.
Por isso, é preciso viver o hoje com entusiasmo, tendo-o não só como "o" presente, mas, sobretudo, como "um" presente. E mesmo quando a vida se nos apresentar dura e injusta, haverão forças a nos acalentar e impulsionar adiante, se estivermos no caminho do bem e amparados na fé. Que sejamos seres humanos cada vez melhores uns para os outros e com o universo, mas sem jamais ignorar o quão o tempo nos é precioso! E, mais do que nunca, que façamos a diferença para o meio em que vivemos hoje, pois amanhã pode ser tarde demais... Avante!
por Luciano Caettano