Aos 78 anos, Plácido Domingo, um dos maiores nomes da música erudita, está sendo acusado de assédio sexual por nove mulheres, segundo a agência internacional Associated Press.
Segundo informações da agência, por décadas, o tenor, considerado um dos homens mais célebres e poderosos da ópera mundial, tentou pressionar mulheres para relações sexuais e, às vezes, as puniu profissionalmente quando recusavam seus avanços.
De acordo com o depoimento de oito cantoras e uma dançarina, as mesmas foram assediadas sexualmente pelo espanhol a partir do fim dos anos 80, em locais que incluíam companhias de ópera, onde ele ocupava altos cargos gerenciais.
Ainda de acordo com das vítimas, o músico enfiou a mão em sua saia e outras três confirmaram que Plácido forçou que elas o beijassem sendo, uma no camarim, outra no quarto de hotel e a terceira em uma reunião de almoço.
Diante do escândalo noticiado, dançarinos, músicos de orquestra, membros da equipe de bastidores, professores de voz e um administrador disseram ter testemunhado o comportamento inadequado de Domingo e ressaltaram que perseguia mulheres mais jovens.
Plácido Domingo negou as acusações e declarou que elas são “perturbadoras”.
“As alegações desses indivíduos sem nome, que remontam há 30 anos, são profundamente perturbadoras e, conforme apresentadas, imprecisas. Ainda assim, é doloroso ouvir que eu possa ter incomodado ou deixado alguém ou fazê-lo se sentir desconfortável – não importa há quanto tempo e apesar de minhas melhores intenções. Acreditava que todas as minhas interações e relacionamentos eram sempre bem-vindos e consensuais. As pessoas que me conhecem ou que trabalham comigo sabem que eu não sou alguém que intencionalmente prejudique, ofenda ou envergonhe alguém”, declarou o cantor.
"No entanto, reconheço que as regras e padrões pelos quais somos - e devem ser - medidos hoje são muito diferentes do que eram no passado. Sou abençoado e privilegiado por ter tido uma carreira de mais de 50 anos em ópera nos mais altos padrões", comemorou.
Sete das nove acusadores disseram à Associated Press que suas carreiras foram prejudicadas depois de rejeitarem as tentativas de Domingo. Papéis frutos de suas promessas nunca se materializaram, bem como contratos não foram mais renovados.
Dentre as vítimas declaradas, apenas uma mulher permitiu ser identificada: a cantora Patricia Wulf, mezzo-soprano que cantou numa parceria com Domingo numa ópera em Washington. A musicista afirmou que, depois das apresentações, o cantor costumava procurá-la com insinuações sexuais.
“Toda vez que eu saía do palco, ele ficava nos bastidores esperando por mim. Ele vinha até mim, o mais perto que podia, colocava o rosto na minha cara, baixava a voz e dizia: “Patricia, você tem que ir para casa hoje?” afirmou a cantora.
As versões contadas pelas acusadoras apresentaram detalhes semelhantes entre eles o interesse do cantor em suas carreiras e convites para encontros particulares, jantares e bebidas.
Domingo fez carreira como tenor, é ganhador de nove Grammys e cinco Grammys mas nos últimos tempos vem atuando como barítono. O tenor é casado com a soprano de ópera mexicana e também designer Marta Ornelas desde 1962.