Natural de São Gotardo-MG, Alicio Pena Júnior adotou Araguari, também no estado de Minas Gerais, como sua cidade. Foi neste município do Triângulo Mineiro que ele iniciou, em 1996, a trajetória profissional na arbitragem com 28 anos de idade.
No ano seguinte, Alicio ingressou na Liga Uberlandense e, em 1998, na Federação Mineira. Chegou à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em 1999, onde se manteve no quadro de árbitros da FIFA de 2003 a 2008.
A partir da aposentadoria dos gramados em 2013, Alicio começou a trabalhar no setor administrativo da CBF. Em 2014, tornou-se presidente da Escola Nacional de Árbitros de Futebol e, atualmente, é vice-presidente da Comissão de Arbitragem da CBF.
Ao Hora Minas, Alicio falou sobre a situação dos árbitros no Brasil durante a paralisação do futebol. Os profissionais da arbitragem precisam apitar os jogos para receber, pois não existe um vínculo empregatício deles com a Confederação.
“Os árbitros são autônomos, prestadores de serviço e recebem uma taxa que varia de acordo com a competição e a categoria do árbitro. Árbitros FIFA ganham mais por partida que os árbitros do quadro nacional. Cada federação estipula o valor que pagará nas suas competições”, disse.
Alicio completou dizendo que os árbitros da elite do futebol brasileiro costumam ter essa função como única fonte de renda; já outros profissionais da área precisam conciliar o apito com um emprego fora de campo. Desta forma, muitas pessoas estavam sem sua principal receita durante o período da pandemia.
A solução encontrada pela Confederação foi liberar um auxílio financeiro. “A CBF fez, nos meses de abril e maio, duas antecipações de taxas de arbitragem tendo como base a principal competição que o árbitro atuou em 2019. Todos os árbitros do quadro nacional aptos a atuarem receberam estas antecipações com aproximadamente 500 pessoas em cada”, ressalta Alicio.
De acordo com o site oficial da CBF, o valor total liberado até aqui foi de R$ 1,8 milhão de reais, sendo metade para cada mês citado na entrevista. Alicio destacou que além do suporte financeiro, também estão sendo oferecidas atividades de acompanhamento físico, técnico e psicológico a distância.
Com isso, aos poucos a CBF vai se organizando para quando o futebol tiver condições de ser retomado no Brasil. A última medida aplicada foi a divulgação de um Guia Médico com várias especificações de como deve ser o comportamento das pessoas que atuam diretamente nos jogos.
No contexto da arbitragem, o documento diz que a equipe escalada para comandar a partida vai receber um inquérito epidemiológico 48 horas antes do jogo, que deverá ser respondido obrigatoriamente até o dia anterior ao compromisso. O questionário é composto por 12 perguntas objetivas e tem como objetivo saber se os árbitros estão com sintomas ou se tiveram contato com casos confirmados do coronavírus.
Além disso, no acesso ao gramado, os árbitros entram primeiro, depois vem o time mandante e, em seguida, o visitante. No fim do jogo, serão os últimos a irem para o vestiário. Não acontecerão mais os cumprimentos tradicionais entre os jogadores e a equipe de arbitragem, precisando ser respeitado o distanciamento de um metro entre todos antes do apito inicial. Alicio confirmou que serão permitidas as cinco substituições no retorno do futebol ao Brasil, como já está acontecendo em outros países, e que o uso do VAR está previsto para continuar normalmente.