Tradicionalmente, o povo brasileiro gosta deste ato. Quando acontecimentos marcantes são narrados por verdadeiras testemunhas, a emoção é ainda maior. É o caso do jornalista e advogado Maurício de Campos Bastos. Mineiro de Juiz de Fora, ele foi o mais jovem narrador da Copa do Mundo de 1950, a primeira disputada no Brasil.
Com apenas 20 anos de idade, Maurício foi um dos principais responsáveis por levar todos os jogos da competição aos brasileiros. Sessenta e sete anos depois, o profissional recebeu a equipe da CBF TV e deu uma verdadeira aula de história. A riqueza de detalhes impressiona.
– Foi só alegria. O 16 de julho de 1950 foi uma exceção que não se repetirá jamais. O Brasil encantou o mundo com o futebol! Eu dizia assim: 'Senhoras e senhoras, segue a partida aos 35 minutos do primeiro tempo, segundo o meu cronógrafo Eskar, de precisão protegida! E aqui está o meu cronógrafo Eskar... Então, não há nada que pague essas recordações, fizeram um bem enorme a minha vida! – recorda.
A carreira no rádio começou em 1949 e foi até 1962, quando deixou o ofício para assumir outra paixão: o direito. O início no jornalismo foi impactante, com a cobertura do Campeonato Sul-Americano, conquistado pela Seleção Brasileira. Maurício lembra com nostalgia de um dia de muita chuva no Estádio de São Januário, principal palco da competição.
– Antigamente nós íamos de paletó e gravata. Eu usava muito um terno de linho e fui transmitir um jogo entre cariocas e mineiros. Saí do estádio do Vasco completamente ensopado, com uma chuva que há muito tempo e não via. Fui ao Hotel Itajubá, na Cinelândia, e peguei um terno emprestado com o Jarbas de Lery Santos, pai do Mario Helênio, que era o meu comentarista. Voltei para minha Terra com o terno, que dava duas voltas em mim. Até a minha cueca estava ensopada. A única coisa que aprendi naquele dia foi de um segurança do Vasco, que me disse: 'Menino, bota um lenço no microfone, se não vai levar um choque'. Nunca vou me esquecer disto – conta.
Durante a conversa com a CBF TV, Maurício não contou apenas as suas histórias, mas também reeditou momentos. O principal foi a narração do gol de Friaça na decisão da Copa diante do Uruguai, no Maracanã. Aos 87 anos, ele dispensou qualquer tipo de material com detalhes do lance e narrou de prontidão a jogada desde a origem. No Dia do Radialista, fica o registro como homenagem da Confederação Brasileira de Futebol a todos os profissionais da área.