A Conmebol publicou nesta terça-feira as exigências para os clubes disputarem a Copa Libertadores e a Copa Sul-Americana em 2020. E uma delas causou forte reação no Brasil.
"[o clube] deve estar disputando o torneio nacional de sua Associação Membro na divisão principal da competição em 2020 (ou seja, não haver descendido de divisão no torneio nacional."
Consultada pelo GloboEsporte.com, a diretoria de competições de clubes da Conmebol confirmou que só poderá jogar a Libertadores e a Sul-Americana "quem estiver na Série A em 2020".
A Conmebol informou também que vai incluir a exigência nos regulamentos da Libertadores e da Copa Sul-Americana. Especialistas em direito desportivo afirmam que a mudança pode ser contestada, já que altera o regulamento de competições em andamento – notoriamente a Copa do Brasil.
Essa decisão tem consequências práticas na Copa do Brasil de 2019, um torneio já em curso, cujo regulamento prevê ao seu campeão uma vaga direto na fase de grupos da Copa Libertadores de 2020.
A CBF diverge da Conmebol e entende que a Copa do Brasil é, sim, um "torneio nacional" e de "divisão principal" (já que não tem rebaixamento) e que, portanto, seu campeão terá vaga na Libertadores do ano que vem.
– É estranho. Campeonatos como o Brasileiro, Copa do Brasil, que classificam para a Libertadores, já começaram. Tem que fazer essa mudança para a edição de 2021, aí as equipes já entram sabendo disso. A competição (Copa do Brasil) já está em andamento, aí muda o critério. Mas não faremos nada, ganhar a Copa do Brasil é um sonho. Mas é estranho – disse o presidente do Juventude, Walter Dal Zotto Jr, ao repórter Lucas Bubols, da RBS.
No mais, há possibilidade de todos os outros clubes, mesmo os da Série A, serem campeões da Copa do Brasil e caírem no Campeonato Brasileiro. O que aconteceria? A CBF diz que o campeão da Copa do Brasil joga a Libertadores, não importa o que aconteça na Série A.
Na Argentina, caso a regra da Conmebol seja mantida, o Tigre também pode ficar fora da Copa Libertadores. Na liga nacional, o time acabou rebaixado nesta temporada, mas na Copa da Superliga Argentina a equipe venceu por 5 a 0 o Atlético Tucumán no jogo de ida e está muito perto da decisão. O torneio, tal como a Copa do Brasil, reserva ao vencedor uma vaga na Libertadores.
O comunicado da Conmebol também causou reações fortes na AFA (Associação do Futebol Argentino). A presidente da AFA, Claudio Tapia, chegou ao poder graças aos clubes pequenos, que viam na Copa da Superliga a única chance de chegar à Libertadores. O cartola já está sendo pressionado no país vizinho.
A Conmebol diz o oposto.
Não seria uma situação inédita. Em 2013, por exemplo, o Palmeiras disputou a Libertadores por ter conquistado a Copa do Brasil do ano anterior. No mesmo ano (2012), o Verdão foi rebaixado para a Série A do Campeonato Brasileiro.
No Paraguai, o Independiente foi rebaixado na temporada passada, mas está disputando a atual edição da Copa Sul-Americana. O caso é o seguinte: terminou em oitavo no Paraguaio, garantiu vaga na competição internacional, mas acabou rebaixado pela média de pontos.
Outras perguntas ainda sem resposta:
- O campeão da Copa Sul-Americana de um ano tem vaga garantida na Libertadores do ano seguinte. Continuará tendo a vaga caso não esteja na primeira divisão de seu país?
- O campeão da Copa Libertadores também tem vaga garantida na edição seguinte do torneio. Poderá defender o título se tiver sido rebaixado em seu país?
- Caso um time perca sua vaga por ter sido rebaixado na Série A do Campeonato Brasileiro, quem herdaria essa vaga?
A Conmebol ainda não respondeu.