O apoio ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e à Lava Jato foi a principal bandeira levantada nas manifestações deste domingo (30) em dezenas de cidades do país. O pacote anticrime de Moro e a reforma da Previdência foram outros temas destacados, assim como críticas ao Supremo Tribunal Federal, ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e ao ex-presidente Lula (PT). Já a defesa do presidente Jair Bolsonaro e de seu governo dividiu movimentos de direita que convocaram os atos. O Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem pra Rua evitaram proferir palavras de ordem em favor de Bolsonaro. Já o Nas Ruas defendeu também o presidente. As manifestações mais expressivas ocorreram em São Paulo, Brasília e no Rio de Janeiro. Em vários estados a Polícia Militar não estimou o número de participantes, o que impede a divulgação de uma estimativa do número de manifestantes. Moro e Bolsonaro agradeceram pelo Twitter. Leia mais Lava Jato só deu crédito a empreiteiro da OAS após ele incriminar Lula 30 jun, 2019 Novatos no Congresso derrubam número de parlamentares com processos 30 jun, 2019 “Eu vejo, eu ouço, eu agradeço. Sempre agi com correção como juiz e agora como ministro. Aceitei o convite para o MJSP para consolidar os avanços anticorrupção e combater o crime organizado e os crimes violentos. Essa é a missão. Muito a fazer”, publicou o ministro. “Sou grato ao presidente Jair Bolsonaro e a todos que apoiam e confiam em nosso trabalho. Hackers, criminosos ou editores maliciosos não alterarão essas verdades fundamentais. Avançaremos com o Congresso, com as instituições e com o seu apoio”, emendou. Bolsonaro parabenizou os manifestantes. “Aos que foram às ruas hoje manifestar seus anseios, parabéns mais uma vez pela civilidade. A população brasileira mostrou novamente que tem legitimidade, consciência e responsabilidade para estar incluída cada vez mais nas decisões políticas do nosso Brasil.” MBL sob ataque Os atos foram convocados por movimentos de direita depois da divulgação de diálogos atribuídos a Moro, quando juiz da Lava Jato, que indicam que ele deu orientações a integrantes da força-tarefa da operação, prática que é proibida por lei. Por não terem se posicionado a favor do governo, integrantes do MBL chegaram a ser chamados de “petralhas”, “pelegos” e “traidores” por outros grupos de direita no Rio e em São Paulo, onde houve princípio de tumulto com o Direita SP na Avenida Paulista. “São grupos radicais sem representatividade na direita. Acreditam piamente que para ser de direita é necessário ser adesista”, rebateu o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), principal liderança do MBL, em mensagem ao Congresso em Foco. Segundo ele, o grupo manterá sempre sua posição de independência em relação ao governo. O Movimento Brasil Livre e o Vem pra Rua já haviam ficado de fora dos atos de 26 de maio, também chamados pela direita, alegando que não concordavam com o teor da pauta, considerada mais radical, que incluía a defesa do fechamento do Congresso e do Supremo. Discurso de general Em Brasília, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, subiram no trio elétrico e discursaram. Coube ao general o pronunciamento mais duro deste domingo: “O ministro Moro teve a coragem de abandonar 22 anos de magistratura para se entregar à pátria sem ganhar nada. Ao contrário, perdendo seu salário. E este homem está sendo colocado na parede para tirar da cadeia um bando de canalhas que afundaram nosso país”, discursou, dizendo-se emocionado. “Acho uma calhordice quererem colocar o ministro Sergio Moro na situação de julgado, ao invés de juiz, invertendo os papéis, e transformar um herói nacional em acusado”, afirmou. Eduardo também provocou o PT. Ele disse que muitas “notícias falsas tentam dizer que Lula é um perseguido político e não um vagabundo preso”. “Tem mais condenação para vir por aí, tá ok?” Bonecos infláveis O presidente da Câmara foi hostilizado no Rio, sua base eleitoral, e em São Paulo, onde foi erguido um boneco inflável dele com o uniforme do Botafogo – em alusão ao seu time de coração e ao apelido atribuído a ele na lista de políticos beneficiados com propina ou doações não declaradas da Odebrecht. Bonecos gigantes também foram inflados em Brasília. Um deles trazia Moro no papel de Super-Homem. Outro, já utilizado em diversas manifestações, remete à figura de Lula como presidiário. Um terceiro adereço erguido reúne as imagens de Lula, do ex-ministro José Dirceu e do ministro Gilmar Mendes, do Supremo. Na última terça, Gilmar defendeu a soltura de Lula enquanto a corte não julgasse um pedido de liberdade apresentado pela defesa do petista. A sugestão acabou rejeitada. Também na capital federal houve apelo pela instalação da chamada CPI da Lava Toga, para investigar a conduta de ministros de tribunais superiores. Os pedidos apresentados até agora foram arquivados pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
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