O Corpo de Bombeiros informou, nesta segunda-feira (10), que vai retomar as buscas pelas vítimas do rompimento da barragem de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, no dia 27 de agosto.
Elas foram suspensas no dia 21 de março, por causa da pandemia do novo coronavírus.
No último dia 25 de julho, quando a tragédia completou um ano e meio, parentes pediram a retomada dos trabalhos. O rompimento da barragem mina Córrego do Feijão da Vale deixou 259 pessoas mortas e 11 continuam desaparecidas.
Após várias tratativas com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e demais órgãos envolvidos, os bombeiros tiveram aprovado o protocolo que regulamenta a retomada das atividades, resguardando práticas de proteção ao enfrentamento da Covid-19.
Um efetivo de aproximadamente 60 militares vai trabalhar no perímetro da tragédia, que foi devidamente preservado, segundo o Corpo de Bombeiros.
Principais recomendações do protocolo
O protocolo, elaborado em conformidade com o programa Minas Consciente, prevê uma série de medidas que deverão ser rigorosamente observadas por todos os militares. Dentre as recomendações, destacam-se as seguintes práticas de proteção:
- Os militares que se enquadram nos grupos de risco não deverão ser escalados. A saber: idade igual ou superior a 60 anos; cardiopatias graves ou descompensados (insuficiência cardíaca, cardiopatia isquêmica); pneumopatias graves ou descompensados (asma moderada/grave, DPOC); doenças renais crônicas em estágio avançado (graus 3, 4 e 5); diabetes mellitus, conforme juízo clínico; doenças cromossômicas com estado de fragilidade imunológica; gestação e puerpério; pessoas com deficiências e cognitivas físicas; estados de imunocomprometimento, devido ao uso de medicamentos ou doenças e doenças neurológicas;
- Se o militar apresentar qualquer sinal ou sintoma de resfriado ou gripe, ele deverá informar ao seu chefe direto e procurar o serviço de saúde imediatamente;
- Obrigatoriedade do uso de máscara cobrindo nariz e boca e óculos de proteção durante todo o período do transporte, inclusive dentro do veículo;
- Deverá ser verificada a temperatura de cada militar, diariamente, antes do embarque ou empenho matinal e ao término do empenho. Se for verificado febre, deverá ser encaminhado ao médico para avaliação;
- Higienizar as mãos com água e sabão ou álcool gel a 70% com periodicidade mínima de 2 horas, ou a qualquer momento dependendo da atividade realizada;
- Utilizar os equipamentos de proteção individual disponibilizados, da forma correta;
- Higienizar os equipamentos com álcool a 70% ou conforme orientação do fabricante.
Saúde
- O militar deverá ser submetido a exame médico pericial em sua unidade antes do embarque para Brumadinho, só podendo ser escalado após estar apto;
- Solicitar exames para avaliação de metais pesados antes e após o empenho, conforme protocolo específico. Entregar as duas guias de exames de metais (antes e após empenho);
- A coleta de sangue e urina relacionada aos demais exames de controle de saúde da operação está suspensa na Base Bravo como medida para diminuir fluxo de pessoas no local.
Durante o empenho
- Todos os militares passarão por medição de temperatura diariamente, sendo considerado suspeito o caso com temperatura superior a 37,8ºC;
- Caso apresente febre e/ou sintomas respiratórios, tosse, congestão nasal, dificuldade para respirar, falta de ar, dor de garganta, dores no corpo, dor de cabeça, deverá comunicar ao chefe da frente/direto e solicitar avaliação médica no Posto de Saúde Avançado (PSA).
- Em caso de suspeita de contaminação definido pelo médico do Posto de Saúde Avançado (PSA), seguir o protocolo de contingência de saúde.
Após o empenho
- Deverá ser mantido o isolamento durante o período de folga (4 dias), se possível, inclusive de familiares próximos;
- Neste período, deverá observar o surgimento de febre ou sintomas respiratórios e fazer contato com o NAIS/SAS/Consultório médico da Unidade.
Transporte
- Para os deslocamentos das unidades até Brumadinho e no retorno ou, nos deslocamentos na área de Operação, fica limitada a ocupação dos veículos a 50% do número de assentos disponíveis;
- Nos veículos para 5 passageiros fica permitido a ocupação dos 2 assentos dianteiros e 1 ocupante no assento traseiro;
- Deverá ser disponibilizado frasco com álcool a 70% em todos os veículos utilizados para transporte da tropa, que ficará sob a responsabilidade do motorista;
- No caso de viaturas do Corpo de Bombeiros e caminhonetas alugadas, todas deverão ter frasco com álcool a 70% e os tripulantes deverão higienizar as mãos antes do embarque;
- Os veículos deverão operar sem o uso do ar condicionado e com vidros abertos. Nos veículos onde não for permitido a abertura das janelas ou em caso de chuva, deverá acionar o sistema de circulação externa de ar;
- Antes e após cada deslocamento, os veículos devem ser higienizados com álcool a 70% nas áreas de maior contato;
Alimentação
- Intensificar a atenção e o cuidado no cumprimento das boas práticas de manipulação de alimentos de acordo com a legislação em vigor;
- Orientar a higienização das mãos e antebraços dos manipuladores de alimentos que deve ser realizada com água, sabonete líquido inodoro e agente antisséptico.
- Utilizar EPIs adequados para a atividade exercida. Essa utilização deve ser completa (luvas, touca descartável, máscara, óculos, face shield e avental descartável;
- Limitar a presença de 1 colaborador a cada 2,25m² no refeitório, considerando-se um espaço de 1,5m de distância entre eles;
- A alimentação deverá ser servida ao militar de forma individual, respeitando a distância mínima de 1,5m;
- Fica proibido o serviço de self service, bem como rodízio. Adotar o atendimento com marmitex;
- Caso o colaborador apresente febre e/ou sintomas respiratórios, tosse, congestão nasal, dificuldade para respirar, falta de ar, dor de garganta, dores no corpo, dor de cabeça, deve comunicar ao chefe ou responsável e respeitar o período de afastamento do trabalho, até a completa melhora dos sintomas;
- Estabelecer fluxos distintos de entrada e saída do ambiente;
- Deverá ser organizada uma fila para a entrada, respeitando a distância de 1,5 metro de um militar para o outro, com as devidas demarcações no piso;
- A entrada no refeitório só será permitida após a lavagem das mãos com sabonete líquido inodoro e a secagem das mãos com papel toalha, supervisionada por um responsável.
- Os militares deverão utilizar máscara para a entrada no ambiente, devendo essa ser retirada apenas no momento das refeições;
- Cada militar ocupará 1 mesa com uma cadeira, mantendo a distância de 1,5m de um militar para o outro no refeitório ou 2,25m².
- As cadeiras não poderão ser retiradas de seus lugares;
- Manter o ambiente de trabalho com ventilação adequada, sempre que possível.
Dormitórios e estadia
- Os dormitórios disponíveis para acomodação dos militares deverão ser adaptados para prevenir e reduzir riscos de infecção pela Covid-19;
- O distanciamento mínimo entre as camas deverá ser de 2 metros, não devendo utilizar a parte superior dos beliches; as mesmas não devem ser colocadas em corredores e demais áreas de circulação;
- Não será permitida a circulação dos militares em outros dormitórios;
- Manter os ambientes arejados por ventilação natural (portas e janelas abertas) e providenciar a retirada de tapumes utilizados para fechamento de áreas externas;
- O militar ao chegar ao dormitório deverá se dirigir ao lavabo ou toalete mais próximo para higienizar as mãos com água e sabão;
- Estabelecer um horário pré-definido para a limpeza e desinfecção dos quartos visando adequação à rotina dos militares;
- Os funcionários responsáveis pela limpeza deverão utilizar os equipamentos de proteção apropriados (máscara, luva de borracha, calça comprida, sapato fechado) e manter o distanciamento.
Para o retorno das buscas, segundo a Vale, foram realizadas melhoria de acessos e drenagem de áreas afetadas, com o aval do Corpo de Bombeiros. A Base Bravo, onde ficam os militares, estão recebendo ajustes para adequar o espaço à prevenção à Covid-19.
De acordo com a Vale, até o momento, cerca de 1,7 milhão de metros cúbicos de rejeito foram removidos e estão sendo dispostos na cava da Mina Córrego do Feijão, com aval da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e Agência Nacional de Mineração.