Grupos de caminhoneiros fazem manifestações pontuais em estradas de pelo menos dois estados do país na manhã desta quarta-feira (4), segundo informações da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e das concessionárias das vias. Os caminhoneiros protestam pela manutenção da tabela do frete.
A constitucionalidade da criação dos preços mínimos do transporte rodoviário seria discutida nesta quarta-feira pelo STF (Supremo Tribunal Federal), mas o presidente da Corte, Dias Toffoli, decidiu retirar a pauta do plenário e o julgamento foi adiado.
A decisão de Toffoli atendeu a pedido apresentado pelo relator das ações no STF, ministro Luiz Fux, que não justificou a iniciativa, segundo a assessoria do presidente do Supremo.
No Paraná, um grupo de aproximadamente dez caminhoneiros está reunido desde o início da manhã no pátio de um posto de combustíveis às margens da BR-116 em Quatro Barras, região metropolitana de Curitiba, na altura do quilômetro 67 da pista sentido São Paulo. Até o momento, não há nenhuma interdição de rodovia federal provocada por manifestantes no Paraná.
As informações são da PRF. Um dos articuladores do movimento de Curitiba, Rodrigo Bernini Souza disse que o protesto ocorre porque o governo não cumpriu com o que havia prometido. "Está rolando [a paralisação]. No estado do Paraná, cidade de Ponta Grossa, na saída de Curitiba, em Quatro Barras, e em Resende, no Rio. Motivo: falta de palavra do governo, que não nos apoia como apoiamos eles.
Fomos a Brasília, ele fez um vídeo e não cumpriu com sua palavra", diz Souza. No vídeo, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, fala sobre os acordos coletivos, de julho, que surgiram na esteira de uma mobilização depois que a ANTT publicou uma tabela de frete contestada por grande parte dos caminhoneiros.
A expectativa da categoria era de que até 2 de agosto eles recebessem o piso acertado. Apesar das ameaças em julho, a paralisação não ganhou grandes proporções. A ideia de paralisação não é unanimidade entre caminhoneiros. Segundo informações da coluna Painel S.A. desta quarta, houve um racha entre líderes dos caminhoneiros sobre o movimento. Isso porque, enquanto os novatos prometeram vias fechadas com faixas de "Fora, Bolsonaro", os mais antigos se negaram a protestar e pediram foco na negociação com o governo.
Alguns veem os atos como precipitados. Havia mobilização para realizar protestos nesta quarta, mas como o STF recuou, parte das lideranças não vê motivo para manter a manifestação nas estradas. "A lei está do nosso lado [com a suspensão do STF]. Vai fazer paralisação para qual sentido? Mas alguns já estavam com essa data", diz Wallace Landim, o Chorão, de São Paulo. A opinião é a mesma de Wanderlei Alves, Dedeco, que diz que não é contra a paralisação, mas que não vê motivos para isso diante do recuo do Supremo.