A soma de crise econômica e melhoria nos mecanismos de controle e acesso ao Bolsa Família fizeram o mês de maio registrar um recorde no número de famílias contempladas com o auxílio. Ao todo, 14,3 milhões de beneficiários começaram a receber os pagamentos na segunda-feira (20) --maior contingente desde 2004, quando o programa federal teve início. O desembolso total também foi o maior da história: R$ 2,67 bilhões. Segundo o Ministério da Cidadania, responsável pelos pagamentos, 264 mil famílias foram incluídas no programa neste mês. "Devido ao aperfeiçoamento do programa e ao cruzamento das informações dos beneficiários, a fila de espera permanece zerada", informou a pasta. Segundo o Ministério da Cidadania, responsável pelos pagamentos, 264 mil famílias foram incluídas no programa neste mês. "Devido ao aperfeiçoamento do programa e ao cruzamento das informações dos beneficiários, a fila de espera permanece zerada", informou a pasta. O número de maio supera o recorde de novembro de 2018, quando 14,2 milhões de famílias foram beneficiadas. A média de valor pago por mês é de R$ 186. Das 14,3 milhões de famílias, mais de 13 milhões estão em situação de extrema pobreza, com renda per capita mensal de até R$ 89. O pagamento do Bolsa Família dura sempre duas semanas. Desta vez, começou no dia 20 e vai até o dia 31. A família tem data específica de depósito do governo, conforme o número final de cadastro. O número de famílias que recebem o Bolsa Família varia mensalmente por conta das fiscalizações e das atualizações cadastrais, que resultam em inclusões, suspensões, cancelamentos e desligamentos voluntários. As novas adesões são feitas com base no CadÚnico (Cadastro Único), do governo federal. O aumento vem um mês após o presidente Jair Bolsonaro (PSL) anunciar o pagamento de uma 13ª bolsa aos beneficiários. Mas o governo também informou que, por conta disso, neste ano não haverá reajuste pela inflação do valor pago aos beneficiários. Ontem, a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) recomendou que o Brasil invista mais no Bolsa Família e aumente o limite de renda para que as pessoas se enquadrem no programa. As medidas ajudariam o país a tirar mais pessoas da pobreza. Boa notícia Para o pesquisador do tema e professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Cícero Péricles Carvalho, o aumento no número de beneficiários é uma boa notícia em meio a uma má notícia. "O crescimento resulta de uma combinação da melhoria dos mecanismos de acesso ao programa e o crescimento da pobreza nestes três últimos anos".Segundo ele, a medida tem um impacto social e econômico significativo, principalmente nas pequenas localidades, como interior das cidades e bairros periféricos. "Neste momento, é bom lembrar, o programa Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada [BPC] pago a 4,7 milhões de famílias pobres constituem as únicas fontes de renda e são mecanismos de defesa das famílias mais pobres, especialmente no Norte e Nordeste, mas também têm presença forte nas áreas ricas, como o estado de São Paulo, em que 1,5 milhão de famílias se beneficiam do programa e quase 800 mil recebem o BPC", afirma. Para ele, o lado ruim da história é que o aumento é impulsionado pela alta na pobreza no Brasil. Isso é reflexo da crise dos anos recentes, com o aumento do desemprego, cortes nos recursos públicos e a queda da renda dos segmentos mais pobres Cícero Péricles Carvalho, pesquisador Ele lembra que, segundo o Banco Mundial, de 2015 para 2018, mais de 7,4 milhões de cidadãos estão vivendo abaixo da linha da pobreza. "São agora 44 milhões de brasileiros. Esse aumento da pobreza está pressionando programas sociais amplos, como o Bolsa Família, que, mais uma vez, vem mostrar sua importância como mecanismo público de diminuição das duras e difíceis condições de milhões de brasileiros", diz.
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