A pandemia de COVID-19 não tem intimidado algumas empresas, que mesmo sem a certeza da volta à “normalidade” estão mantendo investimentos. É o caso da Evolua, que aplicará R$ 160 milhões até 2021 na geração distribuída de energia solar em Minas. A previsão é a criação de até 700 empregos diretos e 3,6 mil consumidores atendidos.
O primeiro parque gerador está sendo montado em Pirapora, no Norte de Minas, terá capacidade para gerar 7,5 megawatts no pico (MWp) e está consumindo R$ 25 milhões. Minas foi escolhida por ser uma “região com uma das melhores irradiações solares do mundo”, segundo a empresa.
A vantagem de aderir ao serviço é a ausência de investimento inicial. O interessado precisa apenas escolher um dos planos, tudo pela internet, e a empresa cuidará de injetar a energia contratada na rede de distribuição, com a oferta de até 20% na conta de luz do cliente, sem fazer qualquer adequação.
“A gente oferece energia para quem não tem capacidade financeira ou técnica para instalar a energia solar em seu comércio, indústria ou condomínio. Fazemos o investimento e oferecemos aos consumidores desconto na conta da distribuidora.
A gente injeta energia em nome dele no sistema e tudo ocorre de forma automática”, diz Tarcísio Neves, que comanda a Evolua, ressaltando que, apesar de ser um consórcio, a empresa se responsabiliza em caso de prejuízo, arcando também com os riscos. Ele explica que tudo é feito de acordo com a realidade de cada cliente. “Se, por exemplo, um restaurante na Savassi aderir ao nosso serviço, vamos nos adequar à demanda dele. Informamos à Cemig que estamos injetando energia em nome dele e ele recebe desconto na conta.”
Crescimento
A energia solar vem crescendo bastante no Brasil, acompanhando uma tendência mundial. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em 2019 a instalação de placas fotovoltaicas – uma das alternativas de geração de energia solar – cresceu três vezes mais que o ano anterior. Já o Ministério de Minas e Energia (MME) estima que o número de instalações quadruplique até o final de 2029.
Por ser uma fonte renovável e de menor impacto ambiental, a energia solar ganha muitos incentivos. Desde 1º de agosto e até 31 de dezembro de 2021, o governo brasileiro zerou a taxa de importação de módulos fotovoltaicos, inversores, equipamentos e outros acessórios relacionados ao setor. Isso facilita para empresas como a Evolua, que dependem principalmente da China para adquirir o material necessário.
“Nossos custos devem cair em torno de 10% com a medida”, diz Neves, que espera que a regulamentação do setor seja aprovada até o ano que vem para ter mais “estabilidade ao segmento”.
De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), os impostos de importação para módulos solares habitualmente são de 12%, enquanto os inversores pagam tarifas de 14%. A entidade ainda avalia o impacto das medidas sobre o mercado nacional. Em Minas, isso já ocorreu, pois desde 2017 o Governo Estadual elevou para 5 MWp a capacidade de unidades que ganham isenção de ICMS.
“Até por isso, o estado responde por 25% da potência total instalada no Brasil. Muitos investidores vieram para cá nos últimos anos. Nossa estratégia é aproveitar a oportunidade aqui, gerar base operacional e expandir para outros estados com eficiência”, explica Neves, destacando o fato de a Evolua ter como acionistas investidores empresas como AG Participações (Andrade Gutierrez), BMPI Infra (Barbosa Melo) e GreenYellow.
A pandemia, claro, obrigou a empresa a fazer ajustes, mas não a cancelar ou mesmo a adiar seus planos. “A expectativa é boa, pois nosso produto não demanda investimento. E isso é importante em um momento em que está todo mundo se desdobrando para fechar as contas. Temos usado o argumento na venda e o retorno é bem bom. Nosso produto se encaixa bem nesta realidade que estamos vivendo.” Segundo a Absolar, a energia gerada pelo sol responde por cerca de 3 gigawatts em potência instalada. Ainda é pouco, se comparado com a energia gerada por barragens, mas a tendência é de crescimento.
A entidade ainda estima que 77,4% da geração de energia solar no país seja para consumidores residenciais, seguido por estabelecimentos de comércio e serviços que respondem por 16%. Consumidores rurais (3,2%), indústrias (2,4%), iluminação e serviço público (2,3%) e prédios públicos (0,8%) completam a lista.