Pouco mais de quatro meses após identificar pela primeira vez casos de COVID-19, Minas Gerais está no período mais crítico de enfrentamento da pandemia, segundo as projeções do governo estadual. Desde aquele 8 de março, 78.643 diagnósticos foram confirmados para a doença respiratória, dos quais 1.688 resultaram em mortes. Com o passar do tempo, a velocidade de propagação do vírus aumentou e fez crescer a demanda na rede pública de saúde. Nos últimos sete dias, o estado tem registrado média diária de 2.535 casos de contaminação e 58 óbitos decorrentes da infecção, detectada oficialmente em 759 dos 853 municípios mineiros (88,9% do total). De acordo com os técnicos da Secretaria de Estado de Saúde (SES), o pico pode ser alcançado hoje.
Porém, ainda há incertezas entre os especialistas sobre o comportamento da curva de infecções e até mesmo a confirmação ou não da data prevista para o ápice da pandemia. Ontem, o secretário estadual de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, mencionou a possibilidade de Minas passar, nas próximas semanas, por um período de platô, em que o número de novos contaminados continua alto, mas não há aceleração descontrolada da doença.
“É possível que esse aumento de casos perdure por um tempo como um platô, antes de vislumbrarmos uma queda na transmissão. Com isso, é muito importante, mais do que nunca, usar a máscara, lavar as mãos e manter o máximo de distanciamento”, frisou. A possível chegada do pico aumenta a preocupação das autoridades com a capacidade do sistema de saúde.
Segundo a administração estadual, 71,45% das unidades de terapia intensiva (UTIs) e 60,77% dos leitos de enfermaria da rede mineira do Sistema Único de Saúde (SUS) estão ocupados. São 2.603 pessoas com COVID-19 ou suspeita da doença internados em centros públicos de saúde. A tendência é de que o número aumente nas próximas semanas. Ainda assim, o governo entende que não haverá falta de atendimento aos pacientes.
“Virtualmente, é impossível falar com certeza absoluta quantos casos nós teremos e que dia teremos os casos. Mas, de uma forma geral, pelo planejamento que fizemos, nós tínhamos certa folga no dimensionamento de leitos. Se isso se concretizar, efetivamente poderemos ter a passagem por esse momento de estresse sem tanta dificuldade, igual vimos em outros lugares”, destacou Carlos Eduardo Amaral.
Embora as taxas de ocupação em Minas Gerais estejam em níveis considerados seguros, algumas partes do estado despertam mais preocupação. Das 14 macrorregiões de saúde, três têm índices de ocupação das UTIs superiores a 80%: Centro (82,99%), Triângulo do Norte (85,48%) e Vale do Aço (91,07%). Além da estrutura convencional do sistema público de saúde, Minas conta com um plano emergencial caso haja aumento acima do esperado no número de internações: o hospital de campanha erguido no centro de exposições Expominas, em Belo Horizonte. Aberta na segunda-feira, a unidade tem 30 leitos em funcionamento. O número de equipamentos disponíveis pode chegar a 768, dos quais 740 de enfermaria e 28 de estabilização.
Esperança Apesar de esperar dias com números altos de casos e mortes, o governo estadual prevê desaceleração na propagação do vírus nas próximas duas semanas. O motivo: a queda no número médio de transmissão por infectado (Rt), motivada especialmente pelo aumento no isolamento social. De acordo com Carlos Eduardo Amaral, o índice em Minas Gerais está em 1,03 – ou seja, 100 pessoas com o vírus contaminam outras 103. Há um mês, o número esteve em 1,15. O ideal é que fique abaixo de 1.