O governo aposta na sua aproximação com o Centrão para impedir a derrubada dos vetos feitos semana passada pelo presidente Jair Bolsonaro ao projeto de lei que estendia para mais de 20 categorias o pagamento do auxílio emergencial no valor de R$ 600. A decisão do presidente desagradou mais ao Senado, onde a proposta nasceu, do que à Câmara.
Mas, para que os vetos caiam, será necessário o apoio de pelo menos 257 deputados e 41 senadores. Se uma Casa não alcançar o número mínimo exigido, o veto é mantido. Parlamentares ouvidos pelo Congresso em Foco Premium acreditam que dificilmente a decisão de Bolsonaro será derrubada, principalmente pela distribuição de cargos públicos entre integrantes do Centrão.
A manutenção dos vetos é considerada importante pela equipe econômica. Projeção feita pelo Ministério da Economia indica que a inclusão de novas categorias no auxílio emergencial custaria mais de R$ 15 bilhões. Entre os que ficarão sem o benefício, estão taxistas, motoristas de aplicativos, cabeleireiros, pescadores artesanais e artistas.
Ontem Bolsonaro procurou o relator do projeto na Câmara, Cezinha de Madureira (PSD-SP) para justificar por que vetou 11 dispositivos do texto. “Ele disse que incorreria em crime de responsabilidade porque a proposta não indicava fonte de receita”, relatou ao Premium o deputado, que foi recebido no Planalto na condição de vice-presidente da Frente Parlamentar Evangélica, da qual é vice-presidente. Uma comitiva de deputados evangélicos foi até o gabinete presidencial para orar por Bolsonaro e hipotecar apoio a ele.
Quando soube dos vetos, Cezinha ficou irritado com o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO) e técnicos do Ministério da Economia por terem dito que apoiavam as mudanças feitas por ele, que incluiu novas categorias ao projeto enviado pelo Senado.
Hoje, segundo ele, a questão está superada. “Falei para o presidente que o combinado não sai caro e que os vetos frustravam as categorias que esperavam contar com o recurso. Mas ele disse que não tinha dinheiro”, declarou. “Mas hoje estamos estabilizados”, acrescentou. Líder do governo no Senado, o senador Fernando Bezerra (MDB-PE) disse ao Congresso em Foco que defenderá, em reunião de líderes amanhã, que os vetos presidenciais sejam analisados por ordem cronológica.
“De forma preliminar, estamos defendendo a obediência ao regimento que prevê que os vetos serão apreciados por ordem cronológica! Se confirmada , teremos um bom tempo para trabalhar a manutenção do veto. Vamos aguardar”, afirmou.