O presidente Jair Bolsonaro e os ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, convenceram a bancada do PSL no Senado a desistir de apresentar requerimento solicitando a permanência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) na Justiça, em matéria tratada na Medida Provisória (MP) 870, da reforma administrativa. A articulação governista entendeu ser melhor garantir a aprovação do texto como saiu da Câmara do que correr o risco de alterar e, assim, reencaminhá-la aos deputados. O processo seria desgastante, uma vez que, pela possibilidade de falta de quórum, colocaria em risco as chances de votação. Não acontecendo isso até 3 de junho, a proposta perderia a validade. A permanência do Coaf na Economia, como definiram os deputados em votação no Plenário da Câmara na última semana, passou por um processo de convencimento do governo junto ao líder do PSL no Senado, Major Olimpio (SP). Para parlamentares do Centrão, é uma derrota para a bancada pesselista e, indiretamente, para a articulação governista. Os apoiadores de Bolsonaro se manifestaram no domingo (26/5) pedindo o Coaf com Moro. Se o Senado votasse com base nos anseios das ruas, a matéria voltaria à Câmara. Seria uma vitória política, mas uma derrota sob o ponto de vista técnico legislativo. Continua depois da publicidade Ou seja, a pressão do povo nas ruas levou o PSL a abandonar a principal pauta do partido no momento. “As manifestações foram legítimas, mas faltou estratégia política ao governo. Não deveria criar divisão de entendimento entre Câmara e Senado. Foi um tiro no pé”, classificou um líder partidário do Centrão ao Correio. O Palácio do Planalto não apoiou diretamente os protestos, mas deputados e senadores mais próximos de Bolsonaro, como o próprio Olimpio, poderiam, no entendimento de lideranças de fora do partido, ter apostado em outro discurso para não associar o iminente passo atrás que governo e sua base precisaram dar na MP 870 no Senado. Além de Olimpio, participaram da reunião com Bolsonaro no Planalto as senadoras Juíza Selma (MT) e Soraya Thronicke (MS). O senador Flávio Bolsonaro (RJ), filho do presidente da República, não compareceu. “A reunião foi muito produtiva e, logicamente, chegamos no tema em relação à MP 870, onde o presidente reconhece a importância da MP como um todo e todo seu conteúdo. Mas ele entende que houve um avanço muito significativo e positivo com as medidas até então votadas e aprovadas e teme que, se nós tivermos alguma alteração e destaques que podem ocorrer da MP, possa comprometer a exiguidade de tempo para que possa retornar â Câmara e ser reavaliada”, sustentou o líder do PSL no Senado. Atuação Os ministros Guedes e Moro entraram em contato com Olimpio e garantiram que o deslocamento do Coaf para a Economia não afetará a “firme atuação” do conselho. “Isso se reforçou não só na fala do presidente, como entrou em contato comigo já hoje o ministro Moro, que está em Portugal, em missão oficial do governo, manifestando a sua gratidão pelo nosso esfoço pela manutenção do Coaf, mas, também, pedindo a ponderação que é mais importante a nova estrutura administrativa do país do que, efetivamente, o Coaf”, explicou o senador. O discurso foi reforçado por Guedes, também via telefone. “Fez contato comigo dizendo e dando toda a garantia e esforço da plena união do Sérgio Moro e da sua estrutura com o Coaf, estando de volta na Economia”, afirmou. A bancada do PSL, agora, vai conversar com as bancadas do Podemos e do Pros, que também apresentaram requerimentos para a permanência do Coaf com Moro, para manter estreitar a sintonia e evitar o pior. “Vamos voltar para o Senado agora e ver o decorrer da sessão se serão, realmente, apresentados destaques pelos partidos que tinham sido colocados. Todos sabem minha posição, como das duas senadoras, que nós, o tempo todo, batalhamos para que o Coaf ficasse nas mãos do ministro Moro, mas (recuaremos), diante do pedido do presidente, do próprio Moro e Guedes estarem afirmando para o país que não podemos colocar em risco a reforma administrativa como um todo”, declarou.
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