A Polícia Civil do Estado de São Paulo (PCESP) deflagrou, nesta quarta-feira (23), a Operação "Nêmesis", que visa desarticular uma organização criminosa de atuação nacional responsável pelo desvio de cerca de 200 cargas, avaliadas em torno de R$ 100 milhões. A ação é realizada nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Pernambuco, Pará, Rio de Janeiro e Bahia.
Na região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, são cumpridos três mandados de prisão, e 22 mandados de busca e apreensão em seis municípios:
- Araguari - 5 mandados de busca e apreensão;
- Conquista - 1 mandado de busca e apreensão e 1 mandado de prisão;
- Patos de Minas - 1 mandado de busca e apreensão;
- Santa Vitória - 1 mandado de busca e apreensão;
- São Gotardo - 1 mandado de busca e apreensão;
- Uberaba - 13 mandados de busca e 2 mandados de prisão.
Em MG, ainda foram cumpridos 3 mandados de busca e apreensão e 1 mandado de prisão em Belo Horizonte, e 1 mandado de busca e apreensão em Buritizeiro. Os presos serão encaminhados ao sistema prisional do Estado.
Investigações
Investigações da PCESP, iniciadas em Rosana (SP), apontaram que motoristas eram cooptados e, após carregaram legitimamente cargas de natureza variada, em específico de soja e ferragens em geral, desviavam essas cargas, entregando-as aos receptadores.
Em seguida, eles compareciam em Distritos Policiais e Delegacias de Polícia, principalmente em São Paulo, e noticiavam falsamente a ocorrência de roubo, a maioria das vezes retratando “cárcere” por horas ou dia.
Durante as investigações, analisando os relatos dos noticiantes – que, na verdade, eram furtadores da carga –, a Polícia Civil conseguiu desconstruir estes relatos por meio de investigação tecnológica.
A organização criminosa, composta por indivíduos em sua maioria provenientes dos estados de Minas Gerais e Goiás, atuava com mais predominância no estado de São Paulo, onde, através dos seus integrantes, registravam os falsos registros.
As investigações perduraram por quase um ano e identificaram que a organização criminosa foi responsável pelo desvio de cerca de 200 cargas, avaliadas em torno de R$ 100 milhões.
“Comprovou-se, desta forma, que mais de duzentos registros de roubo de carga encetados no Estado de São Paulo, de fato, não ocorreram”, afirmou a Polícia Civil.
Durante a investigação, foram identificados 36 integrantes dessa organização criminosa, que foram indiciados pela prática dos crimes de organização criminosa, furtos qualificados e falsa comunicação de crime.
Sete deles tiveram prisões preventivas decretadas. Foram indicados por falsa comunicação de crime, pois após o desvio de cargas ingressavam em unidades policiais informando fato não ocorrido e gerando o uso de recursos policiais na elucidação de crime inexistente.
Visando ainda o sufocamento financeiro da organização criminosa, a Polícia Civil representou ao Poder Judiciário pela decretação de sequestro de mais de 100 veículos, totalizando um valor de R$ 7 milhões, o que foi determinado pela Justiça da Comarca de Rosana.
A Polícia Civil explicou que o "desmantelamento dessa organização criminosa se traduz no alcance de equilíbrio ainda maior nas estatísticas criminais e possibilita um melhor gerenciamento dos recursos e da atuação policial, à medida que se mostra que parte dos roubos de carga registrados eram, na verdade, falsas comunicações de crime".
A operação
A operação recebeu o nome de Nêmesis, em menção à deusa da mitologia grega que representa o destino, o equilíbrio e a justiça Divina.
A ação policial ocorre simultaneamente em São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Pernambuco, Pará, Rio de Janeiro e Bahia e conta com o apoio das Polícias Civis desses estados, totalizando 215 policiais civis envolvidos.
Também em apoio ao Distrito Policial de Rosana, atuaram a DIG-DEIC-8 e as Delegacias Seccionais da Polícia Civil de Presidente Prudente e Presidente Venceslau.