O Planalto acionou ministros e parlamentares da base para fortalecer o corpo a corpo em prol da indicação de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) como embaixador do Brasil em Washington, nos Estados Unidos. Levantamentos feitos pelo Senado e pela imprensa demonstram grande resistência do Congresso ao nome do 03. A lei em vigor exige que 41 senadores endossem o nome do deputado antes da nomeação. Levantamento feito pelo Estado de S. Paulo e confirmado pelo Correio mostra que dos 81 senadores, 30 pretendem votar contra o nome de Eduardo Bolsonaro, enquanto 15 dizem ser favoráveis à indicação.
Os outros não quiseram responder ou se colocaram indecisos. O presidente disse que só vai oficializar a escolha quando sentir que tem o apoio dos senadores. O diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto Queiroz, acredita que o tema prejudica a imagem do governo, associando o corpo diplomático ao nepotismo, e pode aumentar os custos da máquina pública. “Senadores devem pedir a liberação de recursos no orçamento para atender as demandas da base”, diz o especialista, lembrando que o endosso do Senado na indicação do deputado depende de maioria simples.
De acordo com o cientista político Ivan Ervolino, da start-up de monitoramento legislativo SigaLei, o argumento de nepotismo pode perder força se o governo fizer articulações certeiras no Congresso. “Tudo depende do timing. Os dois lados (para aprovar e para rejeitar a indicação) estão se movimentando. Mas a família Bolsonaro acha que pode contornar esse problema, diminuindo o peso da indicação do pai para filho, transformando o argumento”, explica.
A razão está no acesso irrestrito que o embaixador Eduardo teria ao presidente da República do Brasil. A necessidade de negociar aumenta à medida que surgem estudos inviabilizando a decisão de Bolsonaro. Um dos documentos elaborados pela consultoria do Senado classifica a indicação de Eduardo como nepotismo.
De autoria do senador Styvenson Valentim (Pode-RN), a PEC para regulamentar cargos oferecidos a parentes pelo Executivo também atingiria o Planalto e o possível embaixador. Na Câmara, um Projeto de Lei e uma PEC também buscam impedir a nomeação para o cargo, impedindo que pessoas de fora da carreira diplomática possam se tornar embaixadoras do país.