Denise Abranches, de 47 anos, coordenadora do serviço de odontologia do Hospital São Paulo, ficou conhecida como a primeira brasileira a participar dos testes da vacina AstraZeneca, desenvolvida pela Fiocruz em parceria com a Universidade de Oxford, teve um fim de semana tão especial quanto o dia em que participou dos testes: viajou de São Paulo até Araguari, em Minas Gerais, para encontrar a mãe, que não vê desde o Natal de 2019.
A voluntária conta que seis meses depois de ser vacinada durante a fase de testes da vacina de Oxford descobriu que havia tomado a vacina da meningite e, portanto, estava no grupo placebo.
“Foram 13 mil voluntários, cada um recebia um número, o meu número era 00001”, conta.
Mas em 21 de janeiro , ela foi imunizada contra a Covid-19 com a vacina da AztraZeneca e, em março, recebeu a segunda dose. Sua mãe também foi vacinada contra o coronavírus e ambas fazem testes PCR a cada dois dias. Denise planejou a surpresa com a ajuda dos dois sobrinhos.
A mãe, Maria Vilma Pinto, de 74 anos, trabalhou na área da saúde por 34 anos. Ela foi enfermeira no Hospital São Sebastião, de Araguari.
"Era só um abraço que queria. Pelo menos um dia com ela. Para mim, foi absolutamente necessário, por tudo a que fui submetida, pela minha condição emocional. Moro sozinha, estou constantemente sozinha."
"Eu passei por tanta coisa nesses últimos meses, acabei perdendo dois colegas de trabalho para a Covid-19, e a gente fica exausta dessa situação, estou mentalmente exausta. Queria o colo da minha mãe, um carinho, dar um abraço nela, pelo meu próprio bem."
O encontro foi no Palácio dos Ferroviários de Araguari. Os sobrinhos de Denise levaram a mãe dela até o local com a desculpa de que iriam realizar uma sessão de fotos especial para o dia das mães. Como a enfermeira aposentada é conhecida na cidade, o encontro no local foi liberado pela Prefeitura.
Abranches saiu de São Paulo na noite de sexta-feira (7) e chegou na tarde de sábado 8 em Araguari.