Sete ações envolvendo a chapa do presidente Jair Bolsonaro, que estão em curso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), devem prolongar a apreensão do Executivo, pelo menos, até o primeiro semestre do ano que vem. Por mais que seja uma possibilidade remota, novos fatos durante diligências têm gerado preocupação no governo. As mais polêmicas envolvem a denúncia de que ocorreram disparos em massa durante o último pleito para beneficiar o atual chefe do Executivo e prejudicar adversários.
A decisão do ministro Og Fernandes (relator das ações que tratam do assunto) de solicitar ao Supremo Tribunal Federal (STF) o compartilhamento de informações do inquérito das fake news que mira ataques contra a Corte causou ainda mais tensão. A avaliação, no Planalto, é de que o fato de a apuração ter como alvo apoiadores de Bolsonaro pode servir para potencializar as acusações e dar mais fundamento para o avanço do processo. O chefe do Executivo tem dito a interlocutores que existe “um complô” para tirá-lo do governo e que a articulação passa por ações eleitorais.
Os processos relacionados aos disparos em massa estão em estágio de investigação e podem ser concluídos entre o último semestre deste ano e o primeiro de 2021. A expectativa é de que eles fiquem por último, justamente por serem os mais polêmicos e que necessitam de maior apuração. A Corte já começou a votar uma das ações, que trata da invasão do grupo “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro” — responsável por reunir 2,7 milhões de membros no Facebook durante a campanha. A alegação de chapas que também disputaram o pleito foi de que hackers mudaram o conteúdo da página e trocaram o nome dela, para Mulheres com Bolsonaro.
O grupo passou a ser usado para a difusão de mensagens de apoio ao atual chefe do Executivo. No entanto, para Og Fernandes, não ficou caracterizada a participação ou aval de Bolsonaro no ato. O julgamento foi interrompido por um pedido de vistas (mais tempo para analisar o caso), do ministro Alexandre de Moraes. Mas, como ele já devolveu o processo, o julgamento continuará amanhã.
Na semana passada, o TSE rejeitou, por unanimidade, ações que acusavam a chapa Bolsonaro-Mourão de ter se beneficiado de outdoors espalhados por todo o país. A propaganda teria sido organizada por apoiadores do presidente, de forma espontânea. A acusação de ilegalidade eleitoral foi feita pelo PT. O partido apontou que outdoors do tipo foram instalados em, pelo menos, 30 municípios.
“Entendo que a instrução processual revelou que cada grupo agiu espontânea e isoladamente. Não houve prévio ajuste ou coordenação central de qualquer espécie. Alguns agiram em período muito anterior às eleições, ou seja, no segundo semestre de 2017, conformando, portanto, manifestação da cidadania e da liberdade de pensamento”, argumentou o ministro.