Na contramão de medidas adotadas em outros Estados do país e das diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), sinalizou nesta nesta quinta-feira (9), em Brasília, que a Secretaria de Estado da Saúde (SES) deve divulgar um protocolo, na próxima semana, para autorizar prefeitos que não computaram nenhum caso do novo coronavírus a afrouxarem as regras de isolamento. Ele citou o exemplo de 200 cidades que já fizeram algum tipo de liberação.
E, segundo ele, a decisão vai ficar na mão de cada prefeito. Zema falou da possibilidade após participar de reunião com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto. Em coletiva de imprensa, o governador disse que a administração estadual tem feito a lição adequada e a curva de óbitos e casos confirmados do novo coronavírus tem se comportado de forma muito melhor do que outros Estados.
O estudo que está sendo feito pela SES deve detalhar os tipos de cuidados que devem ser tomados, como o uso de máscaras e a limitação de pessoas por espaço. “Nós temos muitos municípios de Minas Gerais em que não temos nenhum caso de contágio. Será que esse município tem que ficar fechado? Será que tem algum efeito ele fechar todas as atividades? Mas, é uma decisão do prefeito e vamos ajudar com as orientações para aqueles que venham a flexibilizar alguma coisa. Mas, tudo tem que ser feito privilegiando a vida humana”, declarou aos jornalistas.
Até a última quarta-feira (8), Minas Gerais registrou 14 mortes e 525 pessoas infectadas. Outros 47.715 casos estão sendo investigados.
Zema ressaltou que a decisão vai ser tomada de forma responsável e que a posição do Estado, em primeiro lugar, tem sido a vida. “Tanto é que há 20 dias nós adotamos restrição de circulação, mas Minas hoje deve ter, provavelmente, cerca de 200 cidades que por decisão do prefeito fez algum tipo de liberação”, ressaltou.
Após recuo
A reunião ocorreu menos de duas semanas após Zema se recusar a assinar uma carta juntamente com outros 25 governadores do país em que contrariavam a decisão do presidente de que era preciso o país voltar à normalidade e de que somente as pessoas que pertencem ao grupo de risco deveriam permanecer em isolamento. A atitude do mineiro causou mal-estar entre os chefes de administrações estaduais que consideram o ato como um ato egoísta. Já o governador de Minas sustentou, na época, que não assinou a carta porque acredita que esse é um momento de todos os gestores públicos se unirem para o combate dessa pandemia. Internamente, aliados dele consideraram que a discordância pontual dele foi um ato de coragem.
Participantes
Também participaram do encontro com Bolsonaro nesta quinta-feira (9), o ministro da Economia, Paulo Guedes; o secretário geral do Estado, Mateus Simões; o secretário da Fazenda, Gustavo Barbosa; e o secretário de Planejamento e Gestão, Otto Levy. Depois, Zema iria se encontrar com o presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, para em seguida retornar para Belo Horizonte.