De acordo com as convenções sociais tradicionais, existem dois tipos de gêneros: masculino e feminino. Transgênero (trans) é o indivíduo que se identifica com um gênero diferente daquele que corresponde ao seu sexo biológico. Uma pessoa que nasceu com sexo feminino, mas se identifica e vive como um homem é um "homem transgênero", ou homem trans. Uma pessoa que nasceu com sexo masculino, mas se identifica como uma mulher, é uma "mulher transgênero", ou mulher trans. A transgeneridade não é uma doença ou distúrbio psicológico, conforme tem demonstrado recentes estudos científicos.
Além disso, a identidade de gênero não está obrigatoriamente relacionada com a orientação sexual. Ou seja, um homem transgênero pode ser homossexual (caso sinta atração por homens) ou heterossexual (caso sinta atração por mulheres). Cisgênero (cis), por sua vez, é como é denominado o indivíduo que se identifica com o gênero que condiz com o seu sexo atribuído (sexo biológico).
Sem dúvida, o assunto é muito mais complexo e envolve outras nuances. Porém, neste texto, vou me ater à questão da transgeneridade no esporte. Um tema relativamente recente e que tem suscitado muita discussão na mídia social, principalmente com o “caso Tiffany”.
Rodrigo Pereira de Abreu, de 1,94m, fez cirurgia de troca de sexo e virou Tifanny Pereira de Abreu, o primeiro atleta transexual a disputar a Superliga Feminina de Vôlei. Em apenas 03 partidas pelo Bauru, a atleta de 33 anos, fez 70 pontos. Uma média de 23,3 por partida, a melhor da liga. Será que esses números refletem apenas o desempenho de uma jogadora fora da média, ou será que eles demonstram, na verdade, que Tifanny, pela sua genética e musculatura masculina, leva vantagem sobre as demais jogadoras (mulheres)? Fico com a segunda opção.
Não só eu, mas creio que a maioria das pessoas pensam assim. A ex-jogadora da seleção brasileira Ana Paula Henkel tuitou recentemente sobre o caso: “Muitas jogadoras não vão se pronunciar, com medo da injusta patrulha, mas a maioria não acha justo uma trans jogar com as mulheres. E não é. Corpo foi construído com testosterona durante toda a vida. Não é preconceito, é fisiologia. Por que não então uma seleção feminina só com trans? Imbatível”. Ratifico cada palavra da Ana.
E quando esses trans chegarem nas artes marciais? Será justo, por exemplo, uma luta de boxe entre um homem (que se sente mulher) e uma mulher cisgênero? A força dos golpes será a mesma? Fora do tatame, se um homem dá socos em uma mulher é uma violência das mais repugnantes, mas no contexto esportivo vamos tolerar? E no futebol? A força do chute será equivalente? O poder da trombada corpo a corpo será o mesmo? E nas corridas de velocidade? A disputa será justa? É evidente que não! A questão fisiológica é fundamental e deve ser considerada sim! Se não fosse relevante, haveria casos de homem trans (mulher que se sente homem) disputando com homens cis nos esportes que exigem grande esforço físico. Mas não consegui achar um exemplo disso sequer!
Então, qual seria a justa medida? Parece-me simples: assim como temos as Paraolimpíadas, que torna justa a competitividade entre pessoas em condições físicas semelhantes, deve haver competições exclusivas para transgêneros. Pode ser dentro do mesmo evento, mas com categorias diferenciadas. Dessa forma todos ganham e a inclusão acontece, pois divulga-se a questão “trans”, despertando o interesse de pessoas que se enquadram nessa situação para o esporte, e a interação deles com outros esportistas só fará crescer o respeito à causa.
Portanto, digo “sim” à transgeneridade, mas “não” à falta de critério na inclusão social deles no esporte! Sem sombra de dúvida, a questão fisiológica é um fator a ser considerado, mas que, no momento, ainda está sendo ignorado. Muito provavelmente isso só está acontecendo devido ao pioneirismo da situação. Mas creio que logo-logo tudo vai se ajeitar, regras surgirão e tudo vai ficar nos conformes, sem prejudicar os trans e os cis. Entretanto, friso, misturá-los, apenas para agradar o “politicamente correto”, não é a melhor opção.
Avante!