O prefeito Odelmo Leão recebeu, nesta segunda-feira (23), o reitor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Valden Steffen Júnior, e prefeitos das 27 cidades que compõem o Consórcio Público Intermunicipal de Saúde da Rede de Urgência e Emergência da Macrorregião do Triângulo do Norte (Cistri) para uma reunião no Centro Administrativo. Ao lado de representantes e diretores do Hospital das Clínicas (HCU-UFU), os líderes discutiram medidas e soluções para viabilizar a implantação e o funcionamento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) na região.
Devido às dificuldades financeiras ocasionadas pela falta de repasses por parte do estado, a rede de saúde pública de Uberlândia tem operado no limite da capacidade de atendimento. No início de setembro, Odelmo Leão e Valder Steffen Júnior já tinham demonstrado preocupação com o fato e declarado que o impacto da implantação imediata do Samu acarretaria emmuitos problemas à comunidade e ao sistema. “Ninguém é contra o Samu. No entanto, é preciso entender que ele é um transporte hospitalar e que a principal questão é: como acolher o paciente em nossos hospitais. Neste momento, Uberlândia não tem estrutura física nem projeto econômico para sustentar o sistema. Nós não podemos assumir um compromisso que não daremos conta de cumprir. Então é preciso que as cidades se unam e pensem em soluções, na questão da falta de leitos e na necessidade de uma rede de assistência”, afirmou o prefeito Odelmo Leão.
Falta de estrutura e condições financeiras
Embora os equipamentos para a operação do Samu já tenham sido adquiridos com a verba do Cistri, a principal parte do Samu ainda está incompleta: a estrutura das cidades-polo. Além de Uberlândia, os municípios de Araguari, Ituiutaba, Monte Carmelo e Patrocínio são considerados essenciais para logística e infraestrutura no acolhimento de média e à alta complexidade aos pacientes.
Considerado a espinha dorsal para a implantação do Samu, o Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) está operando no limite (490 leitos ocupados) e com subfinanciamento do sistema de saúde. Além da defasagem da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS), que tem valores referenciados em 2007, o HC fecha o mês com dívidas de R$ 2,5 milhões ao mês, segundo o diretor-geral da unidade, Eduardo Crosara. “O custeio mensal do HC é de R$ 12,5 milhões e os repasses têm chegado aos R$ 10 milhões”, explicou Crosara.
Para o secretário de Saúde de Uberlândia, Gladstone Rodrigues da Cunha, as condições financeiras do município impossibilitam o repasse da verba mensal para o Cistri. “Nós assumimos a secretaria em janeiro com uma dívida de R$ 80 milhões. Além dos salários de dezembro de 2016 que não foram pagos, nós encontramos o almoxarifado de medicamentos desabastecido em 50% dos itens da rede. Temos ainda R$ 26 milhões a receber do governo estadual e outros valores também a que ficaram de ser repassados ao município”, informou Gladstone Rodrigues.
O reitor da UFU, Valder Steffen Jr., explicou que o esforço em conjunto dos prefeitos e órgãos envolvidos no Samu é essencial para resolver a questão. “Com o trabalho dos secretários de saúde das cidades-polo, que já possuem uma estrutura mínima de atendimento, juntamente com o secretário e o prefeito de Uberlândia, além da direção do HC, nós vamos buscar as condições mínimas para garantir o funcionamento adequado. A grande preocupação é que nossa capacidade de atendimento já está no limite e precisamos pensar de que maneira poderemos interagir com os demais hospitais da nossa região para que o atendimento possa ser adequado aos pacientes”, observou.
Próximos passos
Ao final da reunião, definiu-se a criação de uma comissão para buscar condições técnicas e dialogar com o governo estadual. O objetivo é recuperar a capacidade de atendimento dos demais hospitais regionais, especificamente das cidades-polo, e também discutir a situação do Hospital Santa Catarina em Uberlândia.
Ciente da importância do atendimento deste hospital particular, que está fechado desde agosto de 2016 devido a uma intervenção judicial, o prefeito Odelmo Leão sugeriu que seja encaminhado ao governador uma proposta para desapropriação por interesse público. Com cerca de 130 leitos e capacidade de realizar 20 cirurgias cardíacas mensais custeadas pelo SUS, a unidade reforçaria o atendimento tanto em Uberlândia quanto para cidades do entorno.
“É preciso estrutura de leitos para atender os pacientes, coisa que hoje as cidades não têm. Não podemos começar a construir a casa pelo telhado. Deve-se primeiro consolidar o sistema de saúde de Ituiutaba, Araguari, Monte Carmelo e Patrocínio. E temos também um hospital fechado em Uberlândia que sugeri abrir e entregá-lo para a rede Samu. Temos de buscar alternativas. O que não podemos é ter um HC que não suporta mais, um Hospital Municipal que não suporta mais e dizer que vamos atender. Atender como? Temos de ter consciência disso. Sou parceiro para buscar a solução correta”, finalizou o prefeito Odelmo Leão.