Líderes da Câmara dos Deputados dizem que ataques de Bolsonaro não prejudicam agenda de reformas. lJosé Cruz / Agência BrasilJosé Cruz / Agência Brasil Incomodados com os arroubos do presidente Jair Bolsonaro, deputados do chamado centrão, grupo informal capitaneado por DEM, PP, PSD, PL, PTB, PRB, Pros, Podemos, Solidariedade, articulam blindar as reformas da Previdência e Tributária dos recentes ataques de Bolsonaro às vítimas da ditadura militar brasileira e a adversários políticos. Em dez dias, ele afirmou que não existe fome no Brasil, defendeu represar recursos para governadores do Nordeste, prometeu cortar recursos do cinema brasileiro e atacou o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz. O Congresso em Foco escutou parlamentares da Câmara sobre a expectativa para o segundo semestre em meio ao contencioso político criado por Bolsonaro.
De acordo com o presidente da comissão especial da reforma da Previdência, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), o retorno das atividades legislativas terá como pano de fundo um ambiente negativo. “Nós temos uma decisão muito responsável do Legislativo de blindar a pauta econômica. A Câmara volta com um clima ruim por conta das declarações, mas não vejo que elas sejam capazes de contaminar essa pauta tão importante para o país”, disse.
Sobre a reforma tributária, Ramos adota um tom mais crítico e disse ser contra o Projeto de Emenda à Constituição do deputado Baleia Rossi (MDB-SP). "Envolve muitos interesses de estados e de setores econômicos importantes. Eu mesmo sou muito crítico a essa proposta que está tramitando na forma da PEC 45. Ela insiste no equívoco em tributar o consumo e vai gerar o imposto mais regressivo do mundo para os pobres", declarou. Além dele, os líderes do PTB, PRB e Podemos também criticam os arroubos de Bolsonaro, mas afirmam as reformas serão tocadas independente do governo.
O representante do PRB, Jhonantan de Jesus (RR), prevê uma volta tumultuada após o fim do recesso: "Isso sem dúvida vai deixar mais nervosas as discussões nas comissões temáticas e no próprio plenário da Câmara. O somatório das declarações poderá interferir na agenda do Legislativo". No entanto, ele nega que a reforma da Previdência será prejudicada.
"Apenas torna mais áspera a caminhada." Segundo o líder, o presidente constrói assuntos negativos para ele mesmo sem necessidade. "Quantos episódios? Faz aí uma agenda e pelos menos 20 temas foram suscitados pelo presidente. A estranheza é por que trazer à tona uma série de quesitos que não estão na agenda estratégica de desenvolvimento do Brasil. Muitas vezes não são temas centrais do momento", justificou