Com a posse do deputado Fábio Faria (PSD-RN) como ministro das Comunicações, abre-se um precedente de nomeações políticas para o 1º escalão do governo. O Ministério da Agricultura é um dos alvos do Centrão, sindicato de partidos sem cor ideológica.
O governo tem buscado satisfazer as indicações desses partidos para facilitar a aprovação de projetos de interesse do Planalto e também para reduzir as chances de abertura de um eventual pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro.
Não há possibilidade hoje de substituição da ministra Tereza Cristina para satisfazer a esse novo arranjo. Mas outros cargos na pasta, de 2º e 3º escalão, estão na mira. Bolsonaro gosta da ministra. Acha que ela cuida bem da área e é discreta. Também é a opinião da bancada do agronegócio, metade da Câmara, que a indicou ao cargo.
Uma das dificuldades da ministra é ter de defender a China, atacada por Weintraub e Ernesto Araújo. Ela tem dito em conversas reservadas que está cansada. Mas não há indicações de que pretenda sair já. Se deixar o cargo, será depois de combinar com a bancada do agro, para que possam indicar o substituto.
Dos principais cargos do ministério hoje, 3, além da ministra, são políticos, 2 são escolhidos por Bolsonaro e 4, técnicos. Alguns desses nomes poderiam ser substituídos. Mas o interesse vai muito além das posições de secretários. Chefes das superintendências do ministério em cada Estado valem mais do que muitos cargos em Brasília. Congressistas do Centrão aceitam que sejam técnicos.
Desde que os escolham. As nomeações já são políticas hoje, dizem congressistas do Centrão que preferem não ser identificados. Mas seguem uma estratégia da pasta, para que suas políticas tenham apoio. Apontam até mesmo a existência de cargos indicados por congressistas de oposição. Se o objetivo for a sustentação do próprio governo, o arranjo terá de ser outro.