A associação de funcionários do Banco Mundial, chamada WBG Staff Association, enviou uma carta ao conselho de ética da instituição, nesta terça-feira (24), rejeitando a indicação de Abraham Weintraub ao cargo de diretor executivo do órgão internacional.
O grupo pediu, por meio de nota pública, que a nomeação seja suspensa até o fim de uma investigação sobre declarações de caráter racistas dadas pelo ex-ministro da Educação do Brasil.
"O Grupo Banco Mundial acaba de assumir uma posição moral clara para eliminar o racismo em nossa instituição. Isso significa um compromisso de todos os funcionários e membros do grupo de expor o racismo onde quer que o vejamos. Acreditamos que o Conselho de Ética do Banco Mundial compartilha essa visão e fará tudo ao seu alcance para aplicá-la".
Na segunda-feira (23), o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), encaminhou o inquérito aberto contra Weintraub por racismo para a primeira instância por ter perdido o foro privilegiado ao sair do primeiro escalão do governo federal. Na nova condição, o ministro entendeu que o ex-ministro não deveria mais ser julgado pelo STF.
No mesmo dia, o governo federal modificou a data de exoneração do ex-ministro. Primeiramente publicada em edição extra do Diário Oficial da União, do último sábado, a demissão de Weintraub foi alterada para o dia anterior, segundo decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro. Com a nova data, a entrada dele nos Estados Unidos, no próprio sábado, pode ter desrespeitado a legislação que obriga estrangeiros a cumprir quarentena em outro país em meio à pandemia do novo coronavírus.
Weintraub também passou a ser investigado no inquérito das fake news após o vídeo da reunião ministerial em que chamou os ministros do STF de “vagabundos" e dizer que queria "todos eles na cadeia" ser divulgado. Essas falas deram origem às turbulências políticas que culminaram na saída dele do Ministério da Educação (MEC).