Na primeira reunião após serem chamados de "governadores de Paraíba" pelo presidente Jair Bolsonaro, os governadores do Nordeste evitaram críticas, mas fizeram cobranças ao Executivo. Argumentando que é melhor focar em ações do que em conflitos, eles estruturaram uma agenda de trabalho própria e cobraram do Governo Federal medidas e recursos que podem contribuir com a redução dos déficits estaduais e com a melhoria da segurança pública na região.
“Entendemos que concentrar energias nas questões políticas ou de retórica, dilui a atenção do problema central do Brasil, que é a economia, o emprego e a renda. Todos aqui acham que esse debate é secundário, pois deveríamos estar concentrados nas ações”, explicou o governador da Bahia, Rui Costa (PT), que, depois de ter se recusado a participar de uma agenda ao lado de Bolsonaro, recebeu os representantes dos outros oito estados nordestinos em Salvador nesta segunda-feira (29). Ao fim da reunião, Costa apresentou os pleitos dos governadores ao Executivo. Entre os pedidos estão a aprovação das regras do Novo Fundeb, a implementação do Plano Mansueto, a compensação das perdas de arrecadação decorrentes da Lei Kandir, a possibilidade de securitização dos títulos públicos e o compartilhamento das receitas provenientes da exploração e da comercialização do petróleo. “Reiteramos a pauta federativa. Os estados do Nordeste reafirmam que é muito mais urgente e necessário definir fontes de receitas, buscando o equilíbrio fiscal e previdenciário”, anunciou Costa, dizendo que definir essas novas fontes de receita é até mais importante que garantir a reinclusão de estados e municípios na reforma da Previdência. Ele explicou que, com a reforma, os estados poderiam atacar até 20% de seus déficits previdenciários. Com a geração de novas receitas através desses projetos, porém, poderiam atacar 80% desse rombo. Segurança e saúde Os governadores do Nordeste também pediram a liberação imediata dos recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública por parte da União, recursos que, segundo os estados, chegam a R$ 1,1 bilhão. "Como a sociedade brasileira, os governadores do Nordeste consideram que é urgente o item da segurança pública. Portanto, esse dinheiro não pode ficar lá parado, sem uso. Já que constitui um Fundo Nacional de Segurança Pública, que esse recurso seja distribuído aos estados para reforçar a segurança pública", defendeu Costa, dizendo que hoje esse recurso está "retido, contingenciado" no Orçamento da União.